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Alimentação

Consumo regular de laticínios é associado ao maior risco de câncer de fígado e mama

Por João Paulo Martins  em 06 de maio de 2022

Cientistas analisaram 500.000 chineses e descobriram uma relação entre a ingestão diária de produtos lácteos e o aumento de 12% e 17% mo risco de tumores no fígado e na mama

Consumo regular de laticínios é associado ao maior risco de câncer de fígado e mama
(Foto: Freepik)

 

Um estudo observacional (sem relação de causa e efeito) publicado nesta sexta (6/5) no periódico científico BMC Medicine associou o consumo regular de laticínios a um risco maior de câncer de fígado e de mama.

Pesquisadores analisaram 500.000 voluntários chineses que participam do banco de dados China Kadoorie Biobank. Por meio de questionários, um em cada cinco participantes disse que comia laticínios pelo menos uma vez por semana, enquanto 70% afirmaram que nunca ingeriam derivados do leite, revela o tabloide britânico The Sun.

Durante um período de 11 anos, 30.000 voluntários entre 30 e 79 anos desenvolveram câncer. Os consumidores regulares de laticínios apresentaram riscos significativamente maiores de tumor no fígado e na mama. De acordo com a pesquisa, citada pelo tabloide, cada 50 g de laticínios ingeridos todos os dias pode elevar o risco de câncer de fígado em 12% e de mama em 17%.

Essa quantidade de derivados do leite equivale a aproximadamente duas colheres grandes de iogurte ou duas fatias de queijo diariamente.

No estudo, aqueles que comiam laticínios também pareciam ter maiores chances de linfoma (tumor no sistema linfático), mas não em um grau significativo. Não foi encontrada associação entre esse tipo de alimento e os tumores de intestino, próstata ou qualquer outro.

Segundo o The Sun, os cientistas levaram em consideração uma série de fatores que poderiam afetar o risco de câncer, incluindo idade, sexo, histórico médico familiar e peso.

“Este é o primeiro grande estudo a investigar a ligação entre produtos lácteos e risco de câncer na população chinesa. Mais estudos são necessários para validar as descobertas atuais, estabelecer se essas associações são causais e investigar os potenciais mecanismos subjacentes envolvidos”, comenta a epidemiologista nutricional Maria Kakkoura, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, principal autora do estudo, citada pelo tabloide britânico.

Os pesquisadores sugerem que comer muito laticínio pode aumentar os níveis do hormônio conhecido como fator de crescimento tipo insulina, que promove o desenvolvimento celular. Pesquisas anteriores já demonstraram que essa substância está envolvida no aparecimento de vários tipos de câncer, revela o The Sun.

Já a presença de hormônios sexuais femininos no leite de vaca pode ser uma explicação para o aumento do risco de câncer de mama, enquanto as gorduras saturadas e trans seriam desfavoráveis para o fígado.

Ainda assim, vale lembrar que os chineses não são consumidores regulares de queijo e leite. A maioria dos adultos na China não consegue metabolizar adequadamente laticínios devido à falta de lactase, enzima chave para quebrar a lactose (açúcar do leite).

“É importante estar ciente de que os produtos lácteos são uma fonte de proteínas, vitaminas e minerais. Não seria prudente reduzir o consumo de laticínios com base apenas nos resultados do estudo atual ou sem garantir a ingestão adequada de proteínas, vitaminas e minerais de outras fontes”, afirma a pesquisadora Huaidong Du, da Universidade de Oxford, outra autora do estudo, citada pelo tabloide.