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Saúde

Argentina registra primeiro caso da misteriosa hepatite aguda grave que afeta crianças

Por João Paulo Martins  em 05 de maio de 2022

O paciente de 8 anos é morador da província de Santa Fé. Ainda não há uma causa conhecida para essa infecção no fígado notificada em 20 países

Argentina registra primeiro caso da misteriosa hepatite aguda grave que afeta crianças
(Foto: Pixabay)

  

O Ministério da Saúde da Argentina anunciou na última quarta (4/5) o primeiro caso da misteriosa hepatite aguda grave que afeta crianças. A doença foi detectada em um paciente de 8 anos no hospital infantil da zona norte de Rosário, na província de Santa Fé, informa o jornal argentino Clarín.

Os primeiros casos desse estranho problema no fígado que tem origem desconhecida foram relatados no Reino Unido e anunciados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 15 de abril.

Mas o que é hepatite aguda? Segundo Leandro Soares Sereno, assessor de prevenção e controle das hepatites virais da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em entrevista ao periódico argentino, a hepatite é uma inflamação do fígado em decorrência de infecção ou intoxicação por drogas ou outras substâncias (incluindo remédios). Os agentes infecciosos mais frequentes são os vírus responsáveis pelas hepatites A, B, C, D e E.

Quando a inflamação ocorre de forma rápida e abrupta, recebe a identificação de hepatite aguda. Em alguns casos, as formas B, C e D da doença podem se tornar crônicas.

A OMS ainda está investigando as causas das hepatites agudas em crianças, por enquanto, exames laboratoriais descartam que tenham origem nos vírus que causam as formas A, B, C ,D e E. Em muitos casos, a infecção por adenovírus foi encontrada em crianças e a ligação entre esses dois é investigada como uma das hipóteses mais prováveis, revela o Clarín.

Como se sabe, o adenovírus é conhecido por causar sintomas respiratórios ou vômitos e diarreia no público infantil. Em geral, essa infecção é de duração limitada e não progride para condições preocupantes, embora casos raros possam gerar hepatite, especialmente em pacientes imunocomprometidos ou que tenham recebido transplante de órgãos. No entanto, os casos recentes são misteriosos justamente por afetarem crianças que não se enquadram nessa descrição, pois eram estavam saudáveis.

Até a última terça (3/5), mais de 200 casos foram relatados em 20 países. A maioria está no Reino Unido, revela a OMS. Nas Américas, foram notificados casos nos Estados Unidos, e a Opas está orientando os países sobre critérios e definições para monitoramento. De qualquer forma, o risco global é considerado baixo, explica o jornal argentino. E como também não há certeza sobre a origem, existe a possibilidade de estarmos identificando uma situação que antes passava despercebida porque eram poucos casos.

Existe uma teoria que associa a hepatite aguda grave nas crianças com a falta de vacinação contra covid-19, já que a maioria dos pacientes não estava imunizada, mas as autoridades de saúde já estão descartando essa hipótese.

Em alguns casos, foi detectada a presença do novo coronavírus, mas essa é apenas uma linha de pesquisa em meio a tantas outras, incluindo a do adenovírus.

 

Quais são os sintomas? Existe tratamento?

 

A hepatite aguda apresenta diferentes sintomas, como os gastrointestinais (diarreia ou vômito, febre e dores musculares), mas o mais característico é a icterícia – coloração amarelada da pele e dos olhos, explica Leandro Soares Sereno, da Opas, ao Clarín.

O especialista afirma que o tratamento visa aliviar os sintomas e controlar e estabilizar o paciente em casos mais graves.

O principal é estar atento aos sintomas, como diarreia ou vômito, e se houver sinais de icterícia, deve-se procurar atendimento médico urgentemente.
A prevenção, de acordo com o representante da Opas, está ligada a medidas básicas de higiene, como lavar as mãos, cobrir a boca ao tossir ou espirrar. Isso também serve para evitar a transmissão do adenovírus.