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Bem-Estar

Vitamina D não previne doenças cardiovasculares e câncer, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 11 de fevereiro de 2022

Cientistas não encontraram evidências de benefícios do nutriente em quase 2.500 voluntários finlandeses que o ingeriram diariamente

Vitamina D não previne doenças cardiovasculares e câncer, diz estudo
(Foto: Freepik)

 

A vitamina D, hormônio naturalmente sintetizado pelo organismo após a exposição ao sol, ajuda o na absorção de cálcio, o que melhora a força óssea. Entre outras funções, também contribui para o funcionamento dos músculos, nervos e sistema imunológico.

Um estudo publicado no início de janeiro no periódico científico The American Journal of Clinical Nutrition avalia a relação entre vitamina D e doenças cardiovasculares e câncer.

Para tanto, cientistas analisaram dados de 2.495 finlandeses (homens de 60 anos ou mais e mulheres com 65 anos ou mais), sem histórico de doença cardiovascular ou câncer. As informações usadas foram coletadas entre 2012 e 2018.

No teste duplo-cego – nem os pesquisadores, nem os voluntários sabem o que estás sendo ingerido – e randomizado, os participantes tomaram diariamente placebo ou vitamina D nas concentrações de 1.600 UI ou 3.200 UI.

“Quando começamos a planejar a pesquisa, havia muitas evidências de estudos observacionais de que a deficiência de vitamina D estaria associada a quase todas as principais doenças crônicas, como doença cardiovascular, câncer, diabetes tipo 2 e também mortalidade”, afirma o pesquisador Jyrki Virtanen, da Universidade do Leste da Finlândia, um dos autores do estudo, em entrevista ao site de notícias de saúde Medical News Today.

 

Sem relação com cardiopatias e câncer

 

Comparado com o placebo, nenhuma dosagem de vitamina D reduziu a incidência de doenças cardiovasculares ou câncer no teste finlandês, segundo a pesquisa.

Um fator que pode ter afetado a análise, de acordo com o site especializado, é que os voluntários tendiam a ter altos níveis de vitamina D no início do estudo. Isso, acreditam os autores, decorre da implementação de políticas para fortificar alimentos com vitamina D na Finlândia, entre 2003 e 2011.

“Um ‘problema’ com a maioria dos grandes ensaios de suplementação de vitamina D é que os níveis iniciais do nutriente podem ser bastante altos em grande parte das populações do estudo. Isso pode refletir o fato bem conhecido de que as pessoas que participam desses tipos de estudos tendem a ser mais preocupadas com a saúde e mais interessadas, então, são, em média, mais saudáveis do que a média da população”, explica Virtanen ao Medical News Today.

O pesquisador afirma que, embora existam algumas evidências de benefícios para a saúde da suplementação de vitamina D, também existem resultados conflitantes.

“No momento, não há consenso [sobre] qual seria a ingestão ideal de vitamina D e se é a mesma para todos os resultados de saúde e para todas as pessoas. Por exemplo, há evidências de que a suplementação de altas doses de vitamina D pode reduzir modestamente o risco de morte por câncer, mas não a incidência geral de tumor”, diz Jyrki Virtanen ao site de saúde.

O cientista lembra ainda que não há evidências de que esse nutriente pode prevenir a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). “Está bem documentado que, os pacientes, especialmente com a forma grave de covid-19, têm baixos níveis séricos de vitamina D”, completa o pesquisador finlandês.