busca

Alimentação

Reduzir o açúcar dos produtos pode evitar mortes por problemas cardíacos e diabetes

Por João Paulo Martins  em 10 de setembro de 2021

Segundo estudo, pequenas reduções no açúcar adicionado a alimentos e bebidas ultraprocessados ajuda a evitar milhões de casos de derrames, infartos, diabetes e paradas cardíacas

Reduzir o açúcar dos produtos pode evitar mortes por problemas cardíacos e diabetes
(Foto: Freepik)

 

O açúcar presente nos alimentos industrializados está matando muita gente, especialmente nos Estados Unidos, de acordo com pesquisadores que descobriram que se as marcas reduzissem a quantidade desse perigoso adoçante seria possível prevenir derrames, ataques cardíacos e paradas cardíacas.

Como mostra o site americano de notícias médicas MedicineNet, alimentos e bebidas com menos açúcar ajudaram a reduzir em quase 500.000 mortes relacionadas a doenças cardiovasculares e um número ainda maior de casos de diabetes nos Estados Unidos.

Esses dados fazem parte de um estudo publicado no dia 27 de agosto no periódico científico Circulation e que aponta os efeitos na saúde com a redução do sal e do açúcar presentes nos alimentos industrializados.

“Reduzir o teor de açúcar em alimentos e bebidas preparados comercialmente terá um impacto maior na saúde dos americanos do que outras iniciativas, como criar impostos sobre o açúcar, informar no rótulo a quantidade de açúcar adicionado ou proibir bebidas açucaradas nas escolas”, afirma o pesquisador Siyi Shangguan, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA), principal autor do estudo, citado pelo MedicineNet.

Não é novidade que os alimentos ultraprocessados, cheios de açúcares, estão fortemente associados à obesidade e a problemas como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.

 

Como foi o estudo americano

 

Na pesquisa, os cientistas criaram uma simulação para avaliar os impactos das metas voluntárias de redução da quantidade de açúcar em 15 categorias de alimentos e bebidas industrializados.

As metas fazem parte da Iniciativa Nacional de Redução de Sal e Açúcar dos Estados Unidos, uma parceria de mais de 100 organizações americanas de saúde.

A simulação sugere que cortar 20% do açúcar dos alimentos ultraprocessados e 40% das bebidas poderia prevenir 2,48 milhões de doenças cardiovasculares, como derrames, ataques cardíacos e paradas cardíacas; 490.000 mortes por problemas no coração; e 750.000 casos de diabetes. Todos os dados referentes a americanos adultos, com idades entre 35 e 79 anos.

“Nossas descobertas sugerem que é hora de implementar um programa nacional com metas voluntárias de redução de açúcar, o que pode gerar grandes melhorias na saúde em menos de uma década”, comenta o pesquisador Dariush Mozaffarian, da Universidade Tufts, em Boston (EUA), outro autor do estudo, também citado pelo MedicineNet.

 

Redução de sal e açúcar no Brasil

 

Enquanto os EUA precisam escolher a melhor forma de reduzir os níveis de sal e açúcar dos alimentos industrializados, o Brasil já vem dando importantes passos nesse sentido.

Em 13 de dezembro de 2011, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) assinaram um termo de compromisso com a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias, a Associação Brasileira da Indústria de Trigo e a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria para estabelecer metas para redução do teor de sódio de produtos como macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinhas.

A ideia era retirar 17.000 toneladas de sódio ao longo de quatro anos.

Já em novembro de 2018, o Ministério da Saúde assinou um novo termo de compromisso com a indústria alimentícia brasileira para reduzir, até 2022, 144.000 toneladas de açúcar de bolos, misturas para bolos, produtos lácteos, achocolatados, bebidas açucaradas e biscoitos recheados.