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Cientistas descobrem que mosquito Aedes aegypti é atraído pela cor vermelha

Por João Paulo Martins  em 06 de setembro de 2022

Além do cheiro de gás carbônico (CO²), as fêmeas do mosquito causador da dengue são atraídas também por certas cores, incluindo vermelho, laranja e preto

Cientistas descobrem que mosquito Aedes aegypti é atraído pela cor vermelha
(Foto: Freepik)

 

Cientistas descobriram que o mosquito Aedes aegypti, muito conhecido no Brasil por transmitir dengue, zika e chikungunya, além de detectar o gás carbônico (CO²) que exalamos, costuma ser atraído por determinadas cores de roupas, incluindo vermelho, laranja, preto e ciano. Por outro lado, parecem ignorar outros tons, como verde, roxo, azul e branco.

Como mostra o site americano Science Daily, os pesquisadores acreditam que essas descobertas ajudam a explicar como o Aedes encontra seus hospedeiros, já que a pele humana, independentemente da pigmentação, emite um forte “sinal” vermelho-alaranjado para a visão do inseto.

“Os mosquitos parecem usar odores para ajudá-los a distinguir o que está próximo, como um hospedeiro para picar. Quando eles cheiram compostos específicos, como o CO² da nossa respiração, esse cheiro estimula os olhos a procurar cores específicas e outros padrões visuais, que estão associados a um hospedeiro em potencial, e se dirigem a ele”, comenta o pesquisador Jeffrey Riffell, da Universidade de Washington, nos EUA, principal autor do estudo publicado em fevereiro na revista Nature Communications, citado pelo Science Daily.

Saber quais cores atraem o Aedes aegypti pode ajudar na criação de repelentes mais eficazes, além de armadilhas e outros métodos para manter o mosquito afastado.

“Eu costumava dizer que três coisas eram essenciais que atrair mosquitos: respiração, suor e temperatura da pele. No estudo, encontramos uma quarta: a cor vermelha, que pode ser encontrada não apenas nas roupas, mas também na pele de todos nós. O tom da sua pele não importa, todos nós estamos emitindo uma forte assinatura vermelha. Filtrar essas cores atraentes em nossa pele, ou usar roupas que não tenham esses tons, pode ser outra maneira de evitar a picada de mosquito”, sugere Jeffrey Riffell.

No estudo, a equipe rastreou o comportamento de fêmeas do Aedes aegypti quando elas eram apresentadas a diferentes tipos de pistas visuais e olfativas. Como ocorre em todas as espécies de mosquitos, apenas as fêmeas bebem sangue. Os pesquisadores usaram pequenas câmaras nas quais pulverizaram odores específicos e apresentaram diferentes tipos de padrões visuais – como um ponto colorido ou uma saborosa mão humana.

Sem qualquer estímulo de odor, os mosquitos ignoraram em grande parte um ponto no fundo da câmara, independentemente da cor. Depois de uma borrifada de CO², os insetos continuaram a ignorar o ponto se fosse verde, azul ou roxo. Mas se fosse vermelho, laranja, preto ou ciano, os mosquitos voavam em direção a ele.

Os humanos não podem sentir o cheiro de gás carbônico, que é o resultado de nossa respiração e de outros animais. Porém, a fêmea do Aedes consegue sentir. Pesquisas anteriores mostraram que o odor de CO² aumentava o nível de atividade das fêmeas de mosquitos, que passavam a procurar por um hospedeiro, revela o Science Daily. Os testes atuais com pontos coloridos mostram que, depois de reconhecer o cheiro do gás, os olhos dos insetos são atraídos por certos comprimentos de onda no espectro visual.

Os pesquisadores não sabem se os mosquitos percebem as cores da mesma forma que nossos olhos. Mas a maioria dos tons que os insetos gostaram após sentirem o CO², ou seja, laranja, vermelho e preto, correspondem a comprimentos mais longos da onda luminosa. A pele humana, independentemente da pigmentação, também emite um comprimento de onda longo, que se encaixa na faixa “vermelho-alaranjado”.

Segundo o site americano, quando o estudo repetiu os experimentos da câmara com cartões de pigmentação de tons de pele de humanos – ou a mão de um pesquisador – as fêmeas de Aedes aegypti voaram novamente em direção ao estímulo visual somente depois que o CO² foi pulverizado. Se os pesquisadores usavam filtros para remover a indicação do comprimento de onda longo, ou se a mão do pesquisador estivesse com luva de cor verde, os mosquitos não seguiam em direção ao estímulo.

Mais pesquisas são necessárias para determinar como outras pistas visuais e olfativas – incluindo possíveis secreções da pele – podem ajudam os mosquitos a detectar potenciais hospedeiros. Além disso, outras espécies podem ter preferências por cores diferentes.