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Saúde

Endometriose poderá ser diagnosticada pela menstruação, segundo estudo

Por João Paulo Martins  em 17 de outubro de 2022

Cientistas descobriram que células da doença que acomete a membrana que reveste o útero podem estar presentes no sangue menstrual

Endometriose poderá ser diagnosticada pela menstruação, segundo estudo
(Foto: iStock)

 

Pesquisadores do Hospital Universitário de Berna (Inselspital), na Suíça, juntamente com cientistas australianos, descobriram uma forma nada invasiva de detectar a endometriose nas mulheres.

Atualmente, a laparoscopia é o único método para identificar a doença que afeta o endométrio, membrana que reveste o útero. Por meio de estudo publicado em junho no periódico científico Communications Biology, os cientistas desenvolveram a base para a criação de um teste rápido e não invasivo usando amostras de menstruação.

Como mostra o site do Inselspital, a endometriose afeta de 10% a 15% das meninas e mulheres em idade fértil. Os sintomas típicos são dor abdominal intensa e redução da fertilidade. Cerca de um quarto das mulheres que não engravidam sofrem dessa condição.

A endometriose é caracterizada pelo crescimento da membrana que reveste o útero para o lado de fora, normalmente no abdômen. Intestinos e pulmões também podem ser afetados. Ainda não se sabe o que leva a essa doença, mas é possível que a chamada menstruação retrógrada, na qual parte do sangue menstrual flui das trompas de falópio para a cavidade abdominal, desempenhe um papel importante, revela o site do hospital universitário. No entanto, a menstruação retrógrada ocorre em cerca de oito a cada 10 mulheres, e apenas parte delas desenvolve endometriose.

Para diagnosticar o problema, é usada a laparoscopia, que exige anestesia geral e, como qualquer procedimento cirúrgico, envolve certos riscos.

No estudo de junho, a equipe analisou 33.758 amostras de células do tecido que reveste o útero de 10 mulheres com a doença e de nove sem a condição. Em seguida foi usada uma moderna técnica de biologia molecular, que permitiu aos pesquisadores medirem a atividade de milhares de genes. Modelos gerados por computador foram comparados aos achados clínicos das 19 participantes.

Segundo o site do Inselspital, os cientistas conseguiram identificar um subgrupo de células do tecido conjuntivo que são encontradas no revestimento uterino de mulheres com endometriose, mas não em mulheres sem a doença.

“Nossas investigações indicam que com essas células temos um biomarcador que pode diferenciar entre mulheres com e sem endometriose. Se nossos resultados forem confirmados em um grupo maior, um teste diagnóstico rápido e não invasivo para endometriose pode ser desenvolvido com base em nossa pesquisa, já que as células biomarcadoras são eliminadas no final de cada mês com o sangramento menstrual”, afirma o pesquisador Michael Mueller, do setor de Ginecologia do Inselspital, um dos autores do estudo, citado pelo site da instituição médica.

Agora, os cientistas planejam um estudo com mais de mil voluntárias para validar essas descobertas.