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Bem-Estar

Reverter o envelhecimento é impossível, segundo estudo recente

Por João Paulo Martins  em 28 de junho de 2021

Cientistas mostram que medicina é incapaz de superar a biologia humana e que a longevidade aumentou porque a mortalidade infantil reduziu

Reverter o envelhecimento é impossível, segundo estudo recente
(Foto: Pixabay)

Cientistas passam décadas estudando como a genética e os variados compostos químicos poderiam prevenir ou mesmo reverter os efeitos do envelhecimento. Mas um estudo recente afirma que provavelmente não podemos diminuir a velocidade com que envelhecemos devido a restrições biológicas.

A pesquisa, publicada dia 16 de junho na revista científica Nature Communications, é fruto de uma colaboração internacional de cientistas de 14 países e, segundo mostra o jornal britânico The Guardian, teve como objetivo testar a hipótese da “taxa imutável de envelhecimento”, que afirma que uma espécie possui um fator relativamente fixo de degradação física a partir da fase adulta.

“Nossos resultados apoiam a teoria de que, em vez de desacelerar a morte, mais pessoas apresentam maior longevidade devido à redução da mortalidade em idades mais jovens”, diz o pesquisador José Manuel Aburto, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, citado pelo periódico.

Avaliando primatas

Para entender a “taxa imutável de envelhecimento”, os cientistas reuniram um conjunto de dados sobre as taxas de mortalidade associadas à idade em populações de diferentes gêneros de primatas.

“Nosso conjunto de dados combinado inclui informações de populações de primatas selvagens e em cativeiro. Os dados das populações selvagens consistem em nascimento e morte baseados em machos e fêmeas de 17 estudos contínuos de longo prazo representando seis gêneros distribuídos pela ordem Primata, e incluem macacos africanos, das Américas Central e Sul, grandes símios e um Indriidae [lêmure natural de Madagascar]”, afirmam os pesquisadores no estudo.

De acordo com José Manuel Aburto, citado pelo The Guardian, ao comparar os dados de nascimento e morte desses diferentes primatas, incluindo humanos, descobriu-se que o padrão de mortalidade é o mesmo para todos. “Isso sugere que fatores biológicos, e não ambientais, em última análise, controlam a longevidade”, revela o cientista.

Ele explica que as estatísticas confirmam que os indivíduos vivem mais à medida que as condições de saúde e de vida melhoram, o que leva ao aumento da longevidade de toda uma população. “No entanto, um aumento acentuado nas taxas de mortalidade, à medida que os anos avançam para a velhice, é evidente em todas as espécies”, completa Aburto.

Taxa de mortalidade influencia a longevidade

Todos os dados examinados pelo estudo revelam o mesmo padrão geral de mortalidade: um alto risco de morte na infância que diminui rapidamente na adolescência, permanece baixo até o início da fase adulta e, em seguida, aumenta continuamente com o avançar da idade.

“Nossos resultados confirmam que, em populações históricas, a expectativa de vida era baixa porque muitas pessoas morriam jovens. Mas, à medida que as melhorias médicas, sociais e ambientais continuaram, a expectativa de vida aumentou”, explica o cientista da Universidade de Oxford ao jornal britânico.

Em resumo: existem mais pessoas chegando perto dos 100 anos em países ricos porque as condições de vida melhoraram de tal forma que a taxa de mortalidade infantil foi reduzida drasticamente.

“Nosso estudo sugere que a biologia evolutiva está acima de tudo e, até agora, os avanços médicos não foram capazes de superar as restrições biológicas”, comenta  José Manuel Aburto ao The Guardian.