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Bem-Estar

Nível elevado de serotonina é associado à doença de Crohn em estudo

Por João Paulo Martins  em 09 de novembro de 2021

Cientistas descobrem relação entre o neurotransmissor produzido no intestino e as bactérias intestinais, resultando num maior ou menor risco de inflamação

Nível elevado de serotonina é associado à doença de Crohn em estudo
(Foto: Freepik)

 

Um novo estudo descobriu uma ligação entre o alto nível do neurotransmissor serotonina e as inflamações gastrointestinais crônicas, incluindo a doença de Crohn.

Essa condição é uma das duas principais doenças inflamatórias intestinais, resultando em feridas, úlceras ou cicatrizes no sistema digestivo, explica o site americano de notícias de saúde Medical News Today.

A causa da inflamação na doença de Crohn ainda não é conhecida.

No estudo publicado na última sexta (5/11) na revista científica Science Advances, pesquisadores analisaram amostras de sangue e biópsia de 18 pessoas com doença de Crohn. Eles então as compararam com indivíduos saudáveis.

A equipe também avaliou cobaias com doença de Crohn induzida.

Segundo o Medical News Today, os cientistas investigaram as interações entre a serotonina produzida no intestino e o microbioma intestinal na regulação da inflamação e chegaram à seguinte conclusão: o aumento nos receptores de serotonina no cólon inibiu o processo de autofagia (espécie de limpeza celular), que alterou a composição da microbiota e aumentou a gravidade da inflamação no intestino, causando surtos da doença de Crohn.

Por outro lado, a menor taxa de serotonina no intestino aumentou a autofagia no cólon e diminuiu a gravidade da inflamação.

“Os achados do nosso presente estudo sugerem que na inflamação intestinal, como na doença de Crohn, há um aumento no nível de serotonina intestinal, que atua como um freio no processo de autofagia das células epiteliais intestinais. Esse comprometimento da autofagia leva a uma redução na produção de peptídeos antimicrobianos, que altera a composição normal da microbiota”, afirma o pesquisador Waliul Khan, da Universidade McMaster, do Canadá, um dos autores do estudo, citado pelo site especializado.

A alteração das bactérias do intestino estimula a secreção de mediadores pró-inflamatórios, o que acaba aumentando a gravidade da colite, diz o cientista ao Medical News Today.

 

Conexão intestino-serotonina

 

A microbiota intestinal compreende trilhões de micro-organismos que vivem no trato digestivo. Ela ajuda a digestão, o sistema imunológico e evita que patógenos invadam o corpo.

Como mostra o site americano, estudos recentes sugerem que o microbioma intestinal desempenha um papel crucial na doença de Crohn.

Já a serotonina é um neurotransmissor que regula muitas funções no cérebro e no sistema nervoso, afetando o humor, o comportamento e os níveis de ansiedade.

Pesquisas anteriores descobriram que pacientes com doença de Crohn tinham níveis elevados de serotonina, afirma o Medical News Today.

“O que muitas vezes é subestimado é que a grande maioria da serotonina no corpo é encontrada no intestino, não no cérebro. O intestino contém cerca de 95% da serotonina do corpo, que são gerados principalmente nas células conhecidas como enterocromafins”, explica Waliul Khan ao site.

Ainda conforme o cientista, mudanças no número dessas células e nos níveis de serotonina são observáveis em várias doenças gastrointestinais incluindo a de Crohn.