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Saúde

Remédio para Doença de Crohn pode facilitar reinfecção por covid-19

Por João Paulo Martins  em 23 de março de 2021

Estudo britânico aponta que o uso do medicamento infliximabe reduz a resposta do sistema imunológico para o novo coronavírus

Remédio para Doença de Crohn pode facilitar reinfecção por covid-19
(Foto: Pixabay)

Estudo publicado na última segunda (22/3) na revista científica Gut revela que o medicamento antifator de necrose tumoral chamado infliximabe, indicado para doenças autoimunes, incluindo Doença de Crohn e colite ulcerativa, reduz a resposta imunológica à covid-19, aumentando o risco de reinfecção.

Cientistas usaram dados do estudo CLARITY, que recrutou 6.935 pacientes com doença de Crohn e colite ulcerosa de 92 hospitais do Reino Unido entre setembro e dezembro de 2020.

As descobertas apontam que menos da metade das pessoas com doenças intestinais inflamatórias tratadas com infliximabe tinham anticorpos detectáveis após a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV -2).

Efeito do remédio no sistema imune

Segundo os pesquisadores, uma resposta imunológica prejudicada pode aumentar a suscetibilidade à covid-19 recorrente e permitir a entrada de novas variantes do SARS-CoV-2. No entanto, eles alertam que os pacientes devem continuar tomando o medicamento, pois o risco geral da infecção causada pelo coronavírus permanece muito baixo.

“As fracas respostas de anticorpos observadas em pacientes tratados com infliximabe aumentam a possibilidade de que alguns deles podem não desenvolver imunidade após a infecção por covid-19 e aumentar o risco de reinfecção. Ainda não sabemos como o uso de drogas antifator de necrose tumoral afetará as respostas dos anticorpos após a vacinação”, comenta o gastroenterologista Tariq Ahmad, líder do estudo CLARITY, citado pelo site científico EurekAlert.

De acordo com o cientista, a equipe continuará acompanhando os participantes por 40 semanas para investigar questões importantes sobre o impacto dos medicamentos imunossupressores na infecção causada pelo SARS-CoV-2.

“Vacinas modificadas podem ser necessárias se houver comprometimento da resposta dos anticorpos observada após a vacinação. No entanto, como o risco geral de covid-19 é baixo nesse grupo de pacientes, ainda assim encorajamos fortemente a continuidade do uso de medicamentos antifator de necrose tumoral”, completa Ahmad ao site especializado.

Cerca de dois milhões de pessoas em todo o mundo recebem esse tipo de remédio, usado para doenças autoimunes e que inclui o infliximabe. É eficaz para doenças inflamatórias imunomediadas, mas, ao suprimir o sistema imunológico, podem reduzir a eficácia das vacinas e aumentar o risco de infecções graves.

“Embora tenhamos observado claramente a diminuição dos anticorpos em pacientes tomando infliximabe, ainda não concluímos nossa investigação de células T e outras respostas imunes protetoras contra o SARS-CoV-2. Espero que, mesmo com produção menos eficiente de anticorpos pelo infliximabe, pacientes mobilizarão algum aspecto protetor de seu sistema imunológico para se defender”, diz o gastroenterologista Nick Powell, da equipe do CLARITY, também citado pelo EurekAlert.