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Bem-Estar

Estudo associa uso de paracetamol na gravidez a problemas de sono e de comportamento em bebês

Por João Paulo Martins  em 27 de outubro de 2022

O famoso remédio analgésico e antitérmico poderia afetar a formação do feto e levar a transtornos comportamentais

Estudo associa uso de paracetamol na gravidez a  problemas de sono e de comportamento em bebês
(Foto: Pixabay)

 

De acordo com estudo realizado por pesquisadores da Universidade Penn State, dos EUA, e publicado no final de setembro no periódico científico PLOS One,  o uso de acetaminofeno (paracetamol) durante a gravidez pode levar as crianças a terem problemas de sono e de comportamento, típicos do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Paracetamol é um famoso analgésico e antitérmico usado para tratar febre, doe de cabeça e desconforto muscular. A marca de referência é Tylenol, da Johnson & Johnson. Apesar de ser considerado seguro para uso na gestação, a pesquisa atual é mais uma a reforçar o risco no desenvolvimento infantil e pode estar ligado a problemas de atenção, de acordo com a pesquisadora Kristin Sznajder, principal autora do estudo, citada pelo site americano ScitechDaily.

Segundo ela, é a primeira vez que se encontra uma ligação entre o uso de paracetamol na gravidez e dificuldades de sono da criança. “As grávidas sentem dor, febre e outras doenças que podem ser aliviadas com o uso de paracetamol. Embora a medicação possa proporcionar alívio no momento, nossa pesquisa reforça que pode haver efeitos colaterais que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento infantil. Mais pesquisas são necessárias para que recomendações apropriadas possam ser feitas às grávidas”, diz Kristin ao site americano.

Os cientistas analisaram dados de mais de 2.400 mulheres que nunca deram à luz antes do terceiro trimestre de gravidez até três anos após o parto. As voluntárias foram questionadas sobre seus níveis de estresse e frequência de uso de medicamentos durante a gestação. – 41,7% delas disseram fazer uso de paracetamol.

As participantes foram entrevistadas novamente quando os bebês tinham 1, 6, 12, 18, 24, 30 e 36 meses. Na última entrevista, as puérperas foram solicitadas a avaliar os filhos usando a famosa avaliação Child Behavior Checklist, composta por 99 questões ligadas a características comportamentais e de neurodesenvolvimento, como “não consegue ficar parado ou é inquieto”, “evita olhar os outros nos olhos” e “não quer dormir sozinho”.

Usando essas respostas, os pesquisadores avaliaram se os filhos de mães que usaram paracetamol durante a gravidez eram mais propensos a ter problemas de atenção, sono ou outros. Elas controlaram fatores de risco como estresse, depressão durante a gravidez e diagnósticos anteriores de depressão ou ansiedade.

Após o ajuste dessas variáveis, os bebês de mulheres que usaram o popular analgésico e antitérmico foram significativamente mais propensos a ter problemas de sono e de atenção em comparação com os de puérperas que não usaram paracetamol na gestação.

Como mostra o SciTechDaily, os resultados confirmam estudos anteriores que sugeriam que o uso de acetaminofeno na gravidez pode levar a problemas de atenção e de sono. Entre as grávidas que usaram paracetamol, 22,7% descreveram problemas de sono dos filhos e 32,9% disseram que as crianças apresentavam problemas de atenção. Das participantes que não relataram o uso do remédio na gestação, 18,9% relataram que o filho tinha problemas de sono, enquanto 28,0% disseram que a criança tinha déficit de atenção.

De acordo com os pesquisadores, são necessários outros estudos para entender essas relações. Além disso, as entrevistas periódicas com as voluntárias não geraram dados sobre período, frequência e dosagem do remédio. Citada pelo site americano, Kristin Sznajder afirma que esses fatores podem ter impacto no resultado. Ela observa que um estudo está em andamento para analisar como essas variáveis podem mudar os achados.