Bem-Estar
Crianças de 1 ano que ficam muito tempo em frente às telas podem ter problema futuro no desenvolvimento
Segundo estudo, ficar mais de 4 horas usando dispositivos eletrônicos no primeiro ano de vida pode ser um risco no desenvolvimento quando a criança completa 4 anos
Um estudo publicado na última segunda (21/8), na revista científica JAMA Pediatrics, descobriu uma associação entre o uso de dispositivos eletrônicos por crianças de 1 ano e maior risco de atraso no desenvolvimento mais tarde na infância, particularmente nas áreas de comunicação e resolução de problemas.
O suposto risco do uso de telas por crianças, em especial o tempo que passam vendo TV, jogando videogame e usando celular, tablet e outros dispositivos, já tem sido investigado há algum tempo.
No estudo atual, como mostra o site New Atlas, cientistas da Universidade de Tohoku, no Japão, examinaram se o tempo de tela poderia afetar o desenvolvimento futuro de crianças de 1 ano. Eles focaram as análises nas áreas de comunicação, capacidades motoras, resolução de problemas e competências pessoais e sociais.
Os pesquisadores recrutaram 7.097 mães com filhos de 1 ano, que responderam um questionário sobre a quantidade de tempo que os pequenos passavam na frente dos eletrônicos. Foi perguntado às mães: “Em um dia normal, quantas horas você permite que seus filhos assistam TV, DVDs, videogames, jogos na internet [incluindo celulares e tablets], etc.?”. Havia cinco respostas possíveis: nenhuma, menos de uma, uma a menos de duas, duas a menos de quatro e quatro ou mais horas por dia.
Quando as crianças completaram 2 e 4 anos, o desenvolvimento foi avaliado usando a versão mais nova do Questionário de Idades e Estágios (Ages and Stages Questionnaire ou ASQ-3), ferramenta de análise do desenvolvimento socioemocional de crianças de 0 a 6 anos.
De acordo com o site, o estudo descobriu que 48,5% das crianças tinham menos de uma hora de uso de tela. Apenas 4,1% delas ficavam quatro ou mais horas por dia na frente dos dispositivos eletrônicos. Após ajustar algumas variáveis, os pesquisadores descobriram que o tempo de tela em crianças de 1 ano pode gerar maior risco de atraso no desenvolvimento aos 2 anos nos, especialmente em relação à comunicação, qualidade da força motriz, resolução de problemas e habilidades pessoais e sociais.
As crianças voluntárias que tinham muito tempo de tela no primeiro ano de vida, quando chegaram ao quarto aniversário, apresentaram atraso na comunicação e na resolução de problemas, embora a redução nas habilidades motoras, pessoais e sociais, observada aos 2 anos, não estava mais presente.
Para os cientistas, citados pelo New Atlas, os resultados sugerem que o tempo maior de exposição às telas para a criança de 1 ano pode representar atraso no desenvolvimento da comunicação e na resolução de problemas aos 2 e 4 anos de idade. Essa relação foi observada especialmente nos pequenos que ficavam mais de quatro horas usando dispositivos eletrônicos.
Apesar dessa associação negativa, o estudo não levou em conta o aspecto educacional de certos conteúdos visualizados. Devido a essa limitação, novas pesquisas são necessárias.