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Ciência

Estudo publicado nesta sexta (18/8) não vê benefício no uso de óculos com filtro de luz azul

Por João Paulo Martins  em 18 de agosto de 2023

Pesquisadores analisaram 17 ensaios que avaliaram os efeitos das lentes com filtro de luz azul contra cansaço, perda de sono e problemas na retina

Estudo publicado nesta sexta (18/8) não vê benefício no uso de óculos com filtro de luz azul
(Foto: Freepik)

 

Muita gente usa óculos que supostamente filtram a luz azul das telas, acreditando que o acessório ajuda a minimizar os efeitos negativos desse espectro da luz. Mas um estudo publicado nesta sexta (18/8) no periódico científico Cochrane Database of Systematic Reviews revela que esses óculos podem não fornecer alívio ou proteção contra o cansaço visual induzido pelo uso de telas, nem melhorar o sono.

Especialistas há muito afirmam que a luz azul emitida por tablets, smartphones, televisores e telas de computador pode ser prejudicial à pele e aos olhos, resultando potencialmente em rugas, dores de cabeça, olhos secos e falta de sono.

“Nos últimos anos, houve um importante debate sobre a eficácia oftalmológica das lentes de óculos com filtro de luz azul”, comenta a pesquisadora Laura Downie, da Universidade de Melbourne, na Austrália, uma das autoras do estudo, citada pelo jornal americano New York Post.

“Essas lentes, frequentemente prescritas para pacientes em várias partes do mundo, são associadas a uma série de alegações de marketing sobre seus benefícios potenciais, incluindo a capacidade de reduzir o cansaço visual durante o uso de dispositivos eletrônicos, de melhorar a qualidade do sono e de proteger a retina de danos induzidos pela luz”, afirma a cientista.

A equipe de pesquisadores, liderada pela Universidade de Melbourne, revisou 17 ensaios controlados randomizados de uso de óculos com filtro de luz azul. Os estudos eram compostos por cinco a 156 participantes.

“Descobrimos que pode não haver vantagens no curto prazo com o uso de lentes com filtro de luz azul para reduzir a fadiga visual associada ao uso do computador, em comparação com lentes sem filtro”, diz Laura Downie, citada pelo New York Post.

Os efeitos sobre o sono e a qualidade da visão se mostraram “incertos” na avaliação dos cientistas, acrescenta a pesquisadora australiana, e não foi possível tirar conclusões sobre os “efeitos potenciais na saúde da retina” a longo prazo.

O estudo recém-divulgado não encontrou nenhum efeito colateral grave com o uso constante dos óculos com filtro da luz azul, apenas consequências leves, como dores de cabeça ou desconforto semelhante ao uso de óculos tradicionais.

Laura Downie alerta que as descobertas “não apoiam a prescrição de lentes com filtro de luz azul para a população em geral”. “As pessoas devem estar cientes dessas descobertas ao decidir comprar esses óculos”, completa.

Devido ao “curto período de acompanhamento” dos participantes dos ensaios, os cientistas não conseguiram determinar com precisão os efeitos a longo prazo do uso de óculos com filtro de luz azul. Eles afirmam que são necessários mais estudos.