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Saúde

Nº de casos de covid-19 nos EUA pode ser 60% maior, segundo estudo

Por João Paulo Martins  em 30 de julho de 2021

Cientistas acreditam que houve defasagem na contagem de casos de SARS-CoV-2 e número pode chegar a cerca de 65 milhões nos Estados Unidos

Nº de casos de covid-19 nos EUA pode ser 60% maior, segundo estudo
(Foto: Freepik)

O número de casos de covid-19 nos Estados Unidos pode ser até 60% maior do que o divulgado, segundo pesquisadores da Universidade de Washington (EUA).

O estudo, que será publicado no dia 3 de agosto na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, é uma revisão de várias pesquisas que concluíram que o número de casos relatados “representa apenas uma fração do número total estimado de infecções”, segundo informação do jornal britânico The Guardian.

“Existem todos os tipos de fontes de dados diferentes nas quais podemos nos basear para entender a pandemia de covid-19”, afirma o pesquisador Adrian Raftery, autor sênior do estudo, citado pelo periódico.

Mas, segundo ele, cada fonte de dados tem suas próprias falhas, podendo gerar uma imagem “tendenciosa do que realmente está acontecendo”. “O que queríamos fazer é desenvolver uma estrutura que corrigisse as falhas em várias fontes de dados e utilizasse seus pontos fortes para nos dar uma ideia da prevalência da covid-19 em dada região, estado ou país”, completa o cientista da Universidade de Washington ao The Guardian.

O estudo incorporou dados sobre mortes, número de exames realizados por dia e a proporção de resultados positivos. É importante ressaltar que também foram incorporadas informações de pesquisas com pessoas avaliadas aleatoriamente para covid-19 nos estados de Indiana e Ohio.

Como mostra o The Guardian, pesquisas por amostragem aleatória fornecem evidências mais sérias da prevalência real de uma doença porque não dependem de pessoas que procuram voluntariamente por exames.

Com base na análise desses dados, os cientistas descobriram que até 65 milhões de americanos podem ter sido infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). As contagens oficiais dizem que o número chega a cerca de 33 milhões.

De acordo com os pesquisadores da Universidade de Washington, 60% de todos os casos foram perdidos, com apenas um em cada 2,3 contabilizados em Indiana e Ohio.

Na segunda-feira, a contagem de casos Covid mantida pela Universidade Johns Hopkins em Baltimore e comumente referida pelos meios de comunicação estava em quase 34,5 milhões.

“Se você tem uma situação de pandemia severa, mas testes limitados, a defasagem de casos pode ser muito alta e você está perdendo a grande maioria das infecções que estão ocorrendo. Ou você pode ter uma situação em que os testes sejam generalizados e a pandemia não seja tão grave. Aí, a taxa de ‘subcontagem’ seria menor”, comenta o pesquisador Nicholas J. Irons, coautor do estudo, citado pelo jornal britânico.

As descobertas são importantes para as autoridades avaliarem a chamada imunidade coletiva, ou seja, o ponto da pandemia em que as infecções reduzem drasticamente porque um vírus não consegue encontrar novos hospedeiros.

Em maio deste ano, cientistas acreditavam que o limite de imunidade de rebanho para covid-19 era de cerca de 80%, um número que subiu com o surgimento de variantes altamente contagiosas, como a delta.