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Saúde

Fim do mistério? Veja a possível causa da trombose em vacinados contra covid-19

Por João Paulo Martins  em 27 de maio de 2021

Cientistas alemães acreditam que o problema está na forma como agem os imunizantes Oxford/AstraZeneca e Johnson&Johnson

Fim do mistério? Veja a possível causa da trombose em vacinados contra covid-19
(Foto: Pixabay)

Cientistas na Alemanha afirmam ter descoberto a causa dos raros coágulos sanguíneos ligados às vacinas Oxford/AstraZeneca e Johnson&Johnson para covid-19. Eles afirmam que as doses poderiam ser ajustadas para impedir totalmente o efeito adverso.

Citado pelo jornal britânico The Financial Times, o pesquisador Rolf Marschalek, Universidade Goethe, na Alemanha, que conduz estudos sobre os coágulos desde março, diz que o problema dos imunizantes está no material genético do adenovírus que as duas vacinas usam para induzir a proteína spike do SARS-CoV-2 a “invadir” o organismo.

De acordo com o estudo, nos imunizantes AstraZeneca e Johnson&Johnson, quando o material genético entra no núcleo da célula hospedeira, certas partes do DNA da proteína spike criam versões mutantes, incapazes de se ligarem à membrana celular e acabam sendo secretadas, o que desencadeia os coágulos sanguíneos em cerca de uma em cada 100.000 pessoas.

Em contraste, vacinas baseadas em RNAm, como as desenvolvidas pela BioNTech/Pfizer e Moderna, entregam o material genético da proteína spike no fluido celular e ele nunca entra no núcleo.

“Quando os genes do vírus estão no núcleo, podem criar alguns problemas”, afirma Rolf Marschalek, em entrevista ao Financial Times.

Possível solução para os coágulos

A pesquisa alemã foi pré-publicada (ainda não foi revisada por outros cientistas) no repositório científico online Research Square na última quarta (26/5). Nela, os cientistas explicam que há uma “saída” para evitar os coágulos: os desenvolvedores da vacina precisam modificar a sequência do gene que codifica a proteína spike para evitar que ela crie as versões mutantes.

Segundo o jornal britânico, a Johnson&Johnson já havia entrado em contato com o laboratório de Marschalek para pedir orientação e estava procurando maneiras de adaptar a vacina para prevenir as mutações.

As instruções para a proteína spike presentes no imunizante da biofarmacêutica americana eram menos propensas a essa alteração do que as instruções da vacina da AstraZeneca, tornando a reação menos comum, de acordo com o pesquisador alemão, citado pelo Financial Times.

“Agora, a Johnson&Johnson está tentando otimizar sua vacina. Com os dados que temos em mãos, podemos dizer às empresas como fazer a mutação dessas sequências, codificando a proteína spike de uma forma que evite reações indesejadas”, revela Rolf Marschalek.

Ainda assim, o jornal britânico lembra que a teoria a Universidade de Goethe é uma entre várias, e que mais evidências clínicas são necessárias para fundamentar essas afirmações.