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Saúde

Azeite de dendê pode provocar metástase do câncer, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 11 de novembro de 2021

Segundo os cientistas, o óleo de palma é um ácido graxo que parece favorecer a disseminação das células cancerosas, ao menos nos testes com cobaias

Azeite de dendê pode provocar metástase do câncer, diz estudo
O creme de avelã com chocolate é um dos alimentos industrializados que mais possuem óleo de palma ou azeite de dendê (Foto: Freepik)

 

O óleo de palma ou azeite de dendê, muito usado pela indústria alimentícia, especialmente no creme de avelã com chocolate, pode estimular a disseminação do câncer, segundo estudo feito com cobaias.

A pesquisa, publicada na última quarta (10) na revista científica Nature, descobriu que o ácido palmítico presente no dendê pode causar metástase em tumores da boca e da pele, revela o jornal britânico The Guardian.

“Há algo muito especial no ácido palmítico que o torna um promotor extremamente potente de metástases. Acho que é cedo para determinar qual tipo de dieta poderia ser consumida por pacientes com câncer metastático que retardaria o processo de disseminação do tumor”, afirma o pesquisador Salvador Aznar-Benitah, do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona, na Espanha, um dos autores do estudo, citado pelo jornal.

Os cientistas encontraram evidências iniciais de que dieta pode ser usada para melhorar os tratamentos atuais contra o câncer porque certos nutrientes são utilizados de forma errada pelas células tumorais ou são necessários em estágios críticos, como metástases, esclarece o The Guardian.

O estudo foi baseado em trabalhos anteriores dos mesmos pesquisadores e mostra que, no câncer, um pequeno conjunto de células capazes de se espalharem para outros órgãos parecem depender principalmente de ácidos graxos, como o ácido palmítico.

Camundongos que receberam uma dieta rica em ácido palmítico se tornaram mais propensos a metástase de tumores na boca e na pele, segundo o jornal britânico. Outros ácidos graxos, como ácido oleico e linoleico (chamados de ômega-9 e ômega-6, respectivamente), comuns em alimentos como azeite de oliva e sementes de linhaça, não mostraram o mesmo efeito.

O The Guardian salienta que nenhum dos ácidos graxos testados no estudo aumentou o risco de desenvolver diretamente o câncer, ou seja, não demonstraram efeito cancerígeno.

A pesquisa recém-publicada sugere ainda que a exposição ao ácido palmítico causou mudanças nos genes das células cancerosas, permitindo que elas usassem o azeite de dendê com mais eficiência. Além disso, o nutriente parece deixar o tumor em estado “regenerativo”, considerado um passo crucial para sua disseminação, diz o periódico.