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Gêmeos siameses brasileiros unidos pelo crânio são separados usando realidade virtual

Por João Paulo Martins  em 02 de agosto de 2022

O procedimento que durou 27 horas contou com especialistas em Londres e no Rio de Janeiro, que operaram em um ambiente virtual

Gêmeos siameses brasileiros unidos pelo crânio são separados usando realidade virtual
Apenas 5% dos casos de gêmeos siameses são craniópagos como Bernardo e Arthur (Foto: Geminiuntwined.org/Reprodução))

 

Gêmeos siameses brasileiros unidos pela cabeça foram separados com sucesso graças à ajuda da realidade virtual. Segundo a emissora estatal britânica BBC, Bernardo e Arthur Lima, de 3 anos, passaram por sete cirurgias durante 27 horas no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro (RJ), acompanhados por especialistas do hospital Great Ormond Street, de Londres, no Reino Unido.

As equipes passaram meses testando as técnicas mais eficazes usando modelos em 3D dos gêmeos em ambiente de realidade virtual, com base em tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas.

À BBC, o cirurgião Noor ul Owase Jeelani contou que essa experiência foi “coisa da era espacial”.

A separação dos gêmeos siameses foi uma das mais complexas já concluídas, de acordo com a instituição de caridade Gemini Untwined, financiadora da operação e que foi fundada por Jeelani em 2018, de acordo com a emissora britânica.

Pela primeira vez na história, cirurgiões em Londres e no Rio de Janeiro usaram fones de ouvido e operaram juntos na mesma “sala de realidade virtual”.

“É realmente importante ver a anatomia e simular a cirurgia antes de colocar as crianças em risco. Imagine como isso é reconfortante para os cirurgiões. De certa forma, essas operações são consideradas as mais difíceis do nosso tempo, e simulá-las em realidade virtual realmente é coisa de ‘homem em Marte’”, comenta o cirurgião britânico, citado pela BBC.

Noor ul Owase Jeelani diz que ficou “totalmente esgotado” após a operação de 27 horas, fazendo apenas quatro pausas de 15 minutos para comer e beber água, mas conta que foi “maravilhoso” ver a família se sentindo extasiada com o resultado.

Ele acrescenta que, como em todos os gêmeos siameses após a separação, a pressão arterial e os batimentos cardíacos dos meninos estavam elevados – até que se reencontraram quatro dias depois e se tocaram pelas mãos.

Bernardo e Arthur estão se recuperando bem no hospital e serão monitorados por seis meses durante a reabilitação. De acordo com a BBC, eles são os gêmeos craniópagos (cérebros unidos) mais velhos a se separarem.

A Gemini Untwined conta que um em cada 60.000 nascimentos resulta em gêmeos siameses, e apenas 5% deles são craniópagos.