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Ciência

Não é ficção: usar bomba atômica contra asteroide por ser viável

Por João Paulo Martins  em 15 de outubro de 2021

Cientistas conseguem bons resultados em simulação de computador que interrompeu o risco de impacto de um asteroide de 100 m usando ogivas nucleares

Não é ficção: usar bomba atômica contra asteroide por ser viável
(Foto: Pixabay)

 

Lembra do filme Armagedom (1998), estrelado por Bruce Willis e Ben Affleck? Pois é, um estudo publicado em julho na revista científica Acta Astronautica mostra que usar armas nucleares contra asteroides que ameacem a Terra pode ser uma alternativa viável – ao menos na simulação de computador.

O Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa executa simulação de impacto de asteroide uma vez a cada dois anos, informa o site americano Gizmodo.

O exercício realizado no início deste ano foi o único em que o asteroide fictício e ameaçador, apelidado de 2021 PDC, foi detectado apenas seis meses antes de seu choque contra a superfície terrestre. Esse tempo é considerado insuficiente para implantar uma estratégia de defesa, então os cientistas se concentraram principalmente na resposta a desastres, segundo o site.

O ideal é que objetos considerados perigosos sejam descobertos com anos ou décadas de antecedência para que possamos montar uma resposta adequada, como o uso de atração gravitacional de uma gigantesca espaçonave para deslocar suavemente a trajetória do asteroide, explica o Gizmodo.

Uma alternativa que costuma aparecer nos filmes de Hollywood é o uso de dispositivo nuclear para quebrar a rocha espacial em milhares de pedaços. Com isso, os fragmentos restantes provavelmente seguiriam suas próprias jornadas orbitais e não ameaçariam mais a Terra.

No estudo publicado em julho, essa estratégia de interrupção pode até funcionar em asteroides que estão a poucos meses de atingir nosso planeta, de acordo com o site americano. Os cientistas analisaram se os destroços resultantes da explosão poderiam gerar alguma ameaça.

 

 

Por meio de uma simulação de computador, os pesquisadores descobriram os efeitos de uma bomba de um megaton (um milhão de toneladas de dinamite) sobre a superfície de um asteroide de 100 m de comprimento. Foram realizadas várias simulações, com objetos viajando ao longo de cinco trajetórias distintas.

Os resultados foram muito encorajadores, diz o Gizmodo. Para todos os cenários testados, os ataques nucleares realizados meses antes do impacto contra a Terra ajudaram a reduzir significativamente o volume de material que seria direcionado ao nosso planeta.

“Em termos simples, para um objeto de 100 m projetado para atingir a Terra, se empregarmos uma técnica de ruptura nuclear robusta com, pelo menos, um mês de antecedência, podemos evitar que 99% ou mais da massa impactante atinja a Terra”, explica o físico Patrick King, da Universidade Johns Hopkins, um dos autores do estudo, em entrevista ao site americano.

Os resultados para asteroides maiores não foram tão impressionantes, mas, ainda assim, considerados muito bons, com 99% da massa total deixando de ter a Terra como alvo caso a bomba atômica fosse detonada seis meses antes do impacto.

“Empregamos várias aproximações para tornar o estudo viável, mas acreditamos que capturamos a física essencial necessária para fazer observações gerais sobre a ruptura nuclear como uma técnica. Grande parte de nossa incerteza é impulsionada pelas propriedades dos próprios asteroides; definitivamente precisamos apoiar mais missões espaciais para investigar suas características com mais detalhes”, comenta Patrick ao Gizmodo.

O cientista diz ainda que fragmentar o objeto espacial em vários pedaços seria possivelmente uma forma de “multiplicar” a ameaça, mas pode ter mais sucesso que uma tentativa de desvio da órbita. “Tudo isso faz parte do processo de avaliação de qual técnica usar”, completa o físico.