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Cientistas encontram sinal de vida em rubi de 2,5 bilhões de anos

Por João Paulo Martins  em 25 de outubro de 2021

Pesquisadores descobriram um tipo de carbono associado à vida numa amostra da pedra preciosa retirada de uma mina na Groenlândia

Cientistas encontram sinal de vida em rubi de 2,5 bilhões de anos
Vestígios de carbono-12, associado à vida, foram encontrados num rubi da Groenlândia (Foto: University of  Waterloo/Divulgação)

 

Ao analisar as pedras preciosas mais antigas do mundo, cientistas descobriram num rubi de 2,5 bilhões de anos resíduos de carbono que já estiveram numa forma de vida antiga.

De acordo com o site americano de notícias científicas SciTech Daily, a descoberta se deu quando a equipe do pesquisador Chris Yakymchuk, da Universidade de Waterloo, no Canadá, estava estudando a geologia dos rubis para entender melhor as condições necessárias para a formação dessa pedra preciosa.

Durante o estudo realizado na Groenlândia, onde se localizam os mais antigos depósitos de rubis já encontrados no mundo, os cientistas encontraram uma amostra que continha grafite, um mineral feito de carbono puro. A análise do elemento indica que é um remanescente de vida ancestral.

Os achados foram publicados no dia 20 de agosto na revista científica Ore Geology Reviews.

“O grafite dentro desse rubi é realmente único. É a primeira vez que vemos evidência de vida antiga em rochas com rubis. A presença de grafite também nos dá mais pistas para determinar como os rubis se formaram nesse local, algo que é impossível fazer usando apenas a cor e a composição química da pedra preciosa”, explica Chris Yakymchuk, citado pelo SciTech Daily.

A presença de grafite permitiu aos pesquisadores analisar a composição isotópica do carbono, ou seja, medir o peso relativo dos átomos desse elemento químico. Mais de 98% de todos os átomos de carbono possuem 12 unidades de massa atômica, mas alguns são mais pesados, com 13 ou 14 unidades.

“A matéria viva consiste preferencialmente em átomos de carbono mais leves porque eles consomem menos energia para se incorporar às células. Com base na quantidade aumentada de carbono-12 no grafite, concluímos que os átomos de carbono já foram vidas antigas, provavelmente micro-organismos mortos, como cianobactérias”, esclarece o pesquisador da Universidade de Waterloo, citado pelo site especializado.

O grafite é encontrado em rochas com mais de 2,5 bilhões de anos, uma época do planeta Terra em que o oxigênio não era abundante na atmosfera e a vida existia apenas na forma de micro-organismos e lâminas de algas.

No estudo, a equipe de Yakymchuk descobriu que o grafite não apenas liga o rubi à vida ancestral, mas também foi essencial para a existência da pedra preciosa.

De acordo com o cientista, o grafite mudou a química das rochas para criar condições favoráveis para o crescimento do rubi. Sem ele, não seria possível formar rubis nesse local da Groenlândia.