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Bem-Estar

Poluição do ar gera menos efeito benéfico para o cérebro dos exercícios ao ar livre, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 12 de dezembro de 2021

Cientistas afirmam que os benefícios da atividade física vigorosa prevalecem, mas o ar poluído reduz um marcador da saúde cerebral, associado ao volume da massa branca

Poluição do ar gera menos efeito benéfico para o cérebro dos exercícios ao ar livre, diz estudo
(Foto: Freepik)

 

Estudo publicado na última quarta (8/12) na revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia, mostra que pessoas que praticam exercícios de alta performance, como correr, em áreas com maior poluição do ar, podem apresentar menos benefícios para o cérebro.

De acordo com o site americano de notícias médicas Medical Xpress, os cientistas avaliaram os efeitos da poluição após a prática de atividade física nos volumes das substâncias branca e cinzenta do cérebro. Volumes maiores de substância cinzenta e menores da branca são marcadores de uma saúde cerebral melhor em geral, informa o site.

“Exercícios vigorosos podem aumentar a exposição à poluição do ar e estudos anteriores mostraram efeitos adversos no cérebro. Nós descobrimos que a atividade física está associada a melhores marcadores de saúde cerebral em áreas menos poluídas. No entanto, alguns efeitos benéficos desapareceram em áreas com os níveis mais elevados de poluição do ar. Isso não quer dizer que as pessoas devam evitar exercícios ao ar livre, pois o efeito sobre a saúde do cérebro foi modesto”, explica a pesquisadora Melissa Furlong, da Universidade do Arizona em Tucson, nos EUA, uma das autoras do estudo, citada pelo Medical Xpress.

A especialista afirma que o efeito da poluição no cérebro equivale a quase 50% do envelhecimento (maior substância branca) observado durante o período de um ano, enquanto os efeitos dos exercícios de alta performance na saúde cerebral foram bem maiores – como um rejuvenescimento (maior massa cinzenta) de cerca de três anos.

Os cientistas analisaram dados de 8.600 voluntários com idade média de 56 anos que participam estudo UK Biobank. A exposição das pessoas à poluição, incluindo dióxido de nitrogênio e micropartículas líquidas ou sólidas suspensas no ar, foi estimada segundo o uso do solo. A menor presença de áreas naturais modela os níveis de poluição do ar, especialmente devido ao tráfego, à agricultura e às indústrias, esclarece o site especializado.

A atividade física de cada participante foi medida durante uma semana com um dispositivo de detecção de movimento chamado acelerômetro. Em seguida, os pesquisadores caracterizaram seus padrões de exercícios dependendo de quanta atividade vigorosa eles fizeram, variando de nenhuma a 30 minutos ou mais semanalmente.

Pessoas que realizaram a maior quantidade de exercícios de alta performance a cada semana, em média, tiveram um volume de massa cinzenta de 800 cm³, em comparação com uma média de 790 cm³ de pessoas que não fizeram nenhuma atividade vigorosa. Conforme os pesquisadores, a exposição à poluição do ar não alterou os efeitos do esporte sobre o volume de matéria cinzenta. No entanto, eles descobriram que respirar ar poluído mudou os efeitos dos exercícios sobre o volume da substância branca, revela o Medical Xpress.

Depois de ajustar para idade, sexo e outras variáveis, os cientistas descobriram que a atividade física vigorosa reduziu o volume da substância branca em áreas de baixa poluição do ar, mas esses benefícios não foram encontrados entre aqueles que se exercitavam em locais poluídos.

É preciso dizer que o estudo é limitado, pois mediu os valores de poluição do ar apenas no período de um ano no Reino Unido, e os níveis podem variar em diferentes locais e épocas.