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Bem-Estar

Oito horas? Não, cientistas afirmam que o ideal são sete horas de sono por noite

Por João Paulo Martins  em 02 de maio de 2022

Novo estudo afirma que dormir mais ou menos de sete horas pro dia pode causar problemas no cérebro

Oito horas? Não, cientistas afirmam que o ideal são sete horas de sono por noite
(Foto: Freepik)

 

Pesquisadores da Universidade de Fudan, na China, dizem que dormir sete horas por dia é o ideal para pessoas de meia-idade ou mais. Falta ou excesso de sono foi associado a um desempenho cognitivo e saúde mental mais fracos, alertam os cientistas.

Dormir bem é essencial para a manutenção da função cognitiva adequada e da boa saúde psicológica, além de remover as toxinas do cérebro, segundo o site americano SciTechDaily. À medida que envelhecemos costumam ocorrer alterações em nossos padrões de sono, incluindo dificuldade para adormecer e permanecer dormindo, e diminuição da quantidade e qualidade do sono. Essas alterações podem contribuir para o declínio cognitivo e distúrbios psiquiátricos em idosos.

A pesquisa atual, publicada na última quinta (28/4) na revista científica Nature Aging, examinou dados de quase 500.000 adultos entre 38 e 73 anos do banco de dados UK Biobank. Os voluntários foram questionados sobre seus padrões de sono, saúde mental e bem-estar, e participaram de uma série de testes cognitivos. Também foram avaliadas imagens do cérebro e dados genéticos de cerca de 40.000 participantes do estudo.

Como mostra o SciTechDaily, a equipe descobriu que sono insuficiente ou excessivo estava associado ao pior desempenho cognitivo, incluindo velocidade de processamento, atenção visual, memória e habilidades de resolução de problemas. Dormir sete horas por noite foi a quantidade ideal de sono para o desempenho cognitivo, mas também para uma boa saúde mental. Quem ficou menos ou mais tempo dormindo experimentou sintomas de ansiedade e depressão e relatou piora do bem-estar geral.

Os cientistas acreditam que uma possível razão para a associação entre as noites mal dormidas e declínio cognitivo pode ser devido à interrupção do sono profundo (ondas lentas), revela o site americano. Essa fase do sono está ligada à consolidação da memória e ao acúmulo de amiloide, proteína chave que, quando se acumula, pode causar “emaranhados” no cérebro, levando a algumas formas de demência. Além disso, a falta de sono pode prejudicar a capacidade do cérebro de se livrar de toxinas.

A equipe também encontrou uma ligação entre a quantidade de sono e as diferenças na estrutura das regiões do cérebro envolvidas no processamento cognitivo e na memória, com as maiores mudanças associadas a mais ou menos de sete horas de sono.

Dormir de forma consistente durante todo esse tempo se mostrou importante para o desempenho cognitivo e para o bem-estar e boa saúde mental. Estudos anteriores também mostraram que os padrões de sono interrompidos estão associados ao aumento da inflamação cerebral, indicando uma suscetibilidade a doenças relacionadas ao envelhecimento.

“Embora não possamos dizer conclusivamente que muito ou pouco sono cause problemas cognitivos, nossa longa análise de indivíduos parece apoiar essa ideia. Mas as razões pelas quais as pessoas mais velhas têm um sono mais fraco parecem ser complexas, influenciadas por uma combinação de composição genética e estrutura do cérebro”, afirma o pesquisador Jianfeng Feng, da Universidade de Fudan, um dos autores do estudo, citado pelo SciTechDaily.

É importante dizer que a pesquisa foi observacional e contou com os relatos dos próprios participantes. Portanto, não chegou a uma conclusão de “causa e efeito” para os benefícios de se dormir sete horas por noite.