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Bem-Estar

Obra de Mozart pode ajudar a tratar epilepsia, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 19 de junho de 2021

Cientistas testaram a Sonata para Dois Pianos K448 em pacientes epiléticos e tiveram ótimo resultado

Obra de Mozart pode ajudar a tratar epilepsia, diz estudo
A Sonata para Dois Pianos K448 composta pelo compositor austríaco Mozart ajudou a reduzir as descargas epileptiformes em pacientes com epilepsia (Foto: Wikimedia/Creative Commons)

Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas no mundo sofrem de epilepsia, problema neurológico caracterizado por convulsões. Existem remédios para reduzir os efeitos da doença, mas cientistas descobriram que uma composição de Wolfang Amadeus Mozart (1756-1791) pode ter um efeito antiepilético no cérebro, prevenindo convulsões.

Pesquisadores da Universidade Masaryk, na República Tcheca, descobriram que ouvir a Sonata para Dois Pianos K448 do compositor austríaco reduziu as descargas epileptiformes (ondas cerebrais associadas à epilepsia e às convulsões) nos voluntários.

O estudo, publicado no final de maio no periódico científico European Journal of Neurology, comparou os efeitos de ouvir duas peças eruditas em relação à doença neurológica e à atividade cerebral.

“Para nossa surpresa, houve diferenças significativas entre os efeitos de ouvir a K448 de Mozart e a 94 de Haydn [Joseph Haydn, 1732-1809, compositor austríaco]. Ouvir Mozart levou a uma diminuição de 32% nas descargas epileptiformes, mas ouvir a 94 de Haydn causou um aumento de 45%”, afirma o pesquisador Ivan Rektor, um dos autores do estudo, em entrevista à emissora britânica Sky News.

De acordo com o cientista, a composição de Joseph Haydn causou efeito benéfico apenas nas mulheres, enquanto nos homens levou ao aumento das descargas epileptiformes.

“Acreditamos que as características acústicas da música de Mozart afetam as ondas cerebrais que são responsáveis pela redução das descargas epileptiformes”, esclarece Rektor à emissora, lembrando que o uso de música em epiléticos foi testado pela primeira vez no início dos anos 1990, mas não havia dados concretos disponíveis.

O estudo realizou uma análise acústica da Sonata para Dois Pianos K448 e descobriu que não foram as emoções invocadas pela música que ajudaram a reduzir as descargas epileptiformes, mas sim as características acústicas da composição de Mozart.

Os especialistas acreditam que os resultados podem abrir caminho para o desenvolvimento de musicoterapia personalizada para a prevenção e tratamento de crises epilépticas.