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Bem-Estar

Estudo associa qualidade do bairro em que se vive ao aparecimento da demência

Por Da Redação  em 28 de março de 2022

Falta de estruturas que melhorem a qualidade de vida pode levar ao declínio cognitivo, segundo afirmam os cientistas

Estudo associa qualidade do bairro em que se vive ao aparecimento da demência
(Foto: Freepik)

 

A qualidade de vida em seu bairro pode estar ligada ao risco de desenvolver demência mais tarde na vida. Isso segundo um estudo publicado na última sexta (25/3) no periódico científico Jama Network Open.

A pesquisa foi baseada em dados de saúde de 4.656 voluntários australianos entre 2016 e 2020, como parte de um estudo maior chamado Healthy Brain Project (Projeto Cérebro Saudável), da Austrália. Os participantes tinham de 40 a 70 anos e nenhum deles havia sido formalmente diagnosticado com demência.

Como mostra o site americano de notícias científicas ScienceAlert, os autores descobriram que aqueles que moravam em bairros mais ricos pontuaram significativamente mais alto nos testes de memória e o inverso foi registrado entre os que viviam em áreas desfavorecidas.

As diferenças foram especialmente maiores entre adultos mais velhos. “Esses dados sugerem que as pessoas em bairros mais desfavorecidos geralmente têm pontuações mais altas de risco de demência e diferenças sutis na memória, mesmo na meia-idade”, concluem os pesquisadores, citados pelo site especializado.

Ainda assim, mais estudos são necessários para entender os fatores psicológicos, sociais e ambientais que podem estar impactando os resultados.

Por exemplo, a exposição contínua à poluição do ar já foi associada ao declínio cognitivo, mesmo em jovens.

O hábito alimentar é outro fator que pode estar em jogo, lembra o ScienceAlert. Os alimentos que compõem a dieta mediterrânea costumam ser associados a benefícios potenciais para o cérebro à medida que envelhecemos.

O acesso a espaços verdes, que também tendem a ser poucos e distantes em bairros desfavorecidos, pode ser outro fator que afeta a saúde cognitiva entre os idosos. O mesmo vale para o acesso a instituições de saúde e educacionais, como escolas e bibliotecas.

Os pesquisadores sugerem que até 40% dos casos de demência são evitáveis.

“Com hábitos de vida saudáveis sendo um fator chave para reduzir ou retardar o risco de desenvolver demência, é importante que todos tenham acesso a estruturas como academias e piscinas públicas, espaços verdes e serviços de saúde, mas, infelizmente, nem sempre é o caso”, diz o neurologista Matthew Pase, da Universidade de Monash, em Melbourne, na Austrália, um dos autores do estudo, citado pelo site americano.