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Alimentação

Quinoa? Amaranto? Não, agora é a vez do fonio

Por João Paulo Martins  em 24 de abril de 2021

Conheça o grão africano milenar que está sendo considerado o novo superalimento

Quinoa? Amaranto? Não, agora é a vez do fonio
O fonio branco (Digitaria exilis) é muito cultivado por pequenos agricultores do Senegal, do Chade e do centro da Nigéria (Foto: Gosioragreensngrains.ca/Reprodução)

Depois da quinoa e do amaranto, o superalimento da vez é o fonio, um grão considerado pronto para a crise climática e cultivado por pequenos agricultores da África Ocidental há milhares de anos.

Como mostra uma matéria publicada na última sexta (23/4) no site do programa Today, da emissora americana NBC, o grão também é conhecido como iburura e acha e é considerado o mais antigo cultivado na África. Há milênios é apreciado nas regiões montanhosas de Burkina Faso, Guiné, Senegal, Mali e Nigéria.

Curiosamente, ele se dá bem em regiões agravadas pelas mudanças climáticas com solos deficientes em nutrientes ou que sofrem de seca. O fonio floresce e ajuda a preservar a biodiversidade.

De acordo com o Today, o grão tem sabor terroso e de nozes com consistência cremosa e crocante da quinoa. Ele pode ser usado para fazer farinha, sem glúten, ou incorporado  a saladas, ensopados e sopas.

Saiba mais sobre o fonio

Membro da família do painço, o fonio consumido na África possui duas espécies principais: a Digitaria ibura (conhecido como fonio negro, que cresce na Nigéria, Togo e Benin) e Digitaria exilis (o branco, cultivado no Senegal, Chade e centro da Nigéria).

Embora delicioso, o grão é difícil de ser processado, revela a matéria do Today, o que explica o motivo pelo qual até hoje não foi vendido de forma ampla no mundo.

O fonio é colhido manualmente com uma foice para ser debulhado e separado de seu caule. Em seguida, vai para o pilão para ser descascado. Os agricultores usam uma peneira para separar a casca, que é comestível, e realizam um processo de várias etapas de lavagem e destilação.

O grande diferencial desse grão considerado um superalimento é crescer bem em solos pobres e arenosos e em locais que sofrem degradação da terra. O extenso sistema de raízes da planta puxa a água do subsolo, protegendo a cultura da erosão e de climas inesperados.

Por ser tão resistente, o fonio é uma importante fonte de renda para pequenos agricultores africanos que, segundo o Today, cultivam cerca de 700.000 toneladas. Devido ao seu alto teor de nutrientes e maturidade rápida (de seis a oito semanas), às vezes é referido como “arroz da fome”, utilizado por famílias como um alimento rápido.

Benefícios para a saúde

Conforme o programa da ABC, o grão é naturalmente livre de glúten e repleto de micronutrientes e aminoácidos importantes (que faltam em alimentos como arroz, milho e trigo).

O fonio é um dos grãos mais nutritivos do mundo. É considerado um carboidrato complexo (ou seja, digerido lentamente) contém amido resistente, que junto com um baixo índice glicêmico, oferece benefícios para a saúde, como redução do açúcar no sangue e aumento da sensibilidade à insulina.

Por ter alto teor de cálcio, é uma ótima opção para veganos ou intolerantes à lactose. O grão é classificado como integral, podendo ter mais vantagens nutricionais e auxiliar na saúde intestinal; no controle do peso; e potencialmente reduzir o risco de diabetes tipo 2, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer, afirma o Today.

Fonio também é uma boa fonte de ferro e cobre, que ajudam a formar o sangue vermelho, células e tecido conjuntivo; zinco, que desempenha um papel na função imunológica e síntese de proteínas; fósforo; magnésio, que ajuda na produção de energia; e vitaminas do complexo B, que podem ajudar no crescimento, desenvolvimento e função das células.

Ele ainda é rico em dois aminoácidos (metionina e cisteína) que podem facilitar o crescimento do cabelo, da pele e das unhas.