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Alimentação

Mudar para uma dieta saudável como a mediterrânea pode ajudar a tratar depressão em jovens

Por João Paulo Martins  em 28 de maio de 2022

Estudo revela que a alimentação rica em vegetais, peixes, frutas, castanhas, grãos integrais e azeite pode contribuir para a redução dos sintomas do transtorno depressivo maior

Mudar para uma dieta saudável como a mediterrânea pode ajudar a tratar depressão em jovens
A dieta mediterrânea é conhecida por valorizar vegetais, grãos integrais, castanhas, frutas  e azeite (Foto: Freepik)

 

Em estudo publicado no periódico científico American Journal of Clinical Nutrition, em abril, cientistas revelam que, ao mudarem para uma dieta mais saudável, como a mediterrânea, jovens podem ter uma melhora significativa no quadro de depressão.

O transtorno depressivo maior é um problema de saúde mental que afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). É um fator de risco substancial para o suicídio, a maior causa de mortalidade entre os jovens.

O estudo controlado randomizado durou 12 semanas e foi conduzido por especialistas da Universidade de Tecnologia de Sidney, na Austrália. De acordo com a pesquisadora Jessica Bayes, principal autora, entrevistada pelo site americano SciTechDaily, é o primeiro ensaio clínico randomizado a examinar a influência da dieta mediterrânea nos sintomas depressivos em homens jovens (18 a 25 anos).

“Ficamos surpresos com a disposição dos jovens em adotar a nova dieta. Os escolhidos para consumir a dieta mediterrânea foram capazes de mudar, em curto período de tempo, os planos alimentares originais, sob a orientação de um nutricionista. Isso sugere que médicos e psicólogos devem considerar o encaminhamento de jovens deprimidos a um nutricionista como parte importante do tratamento da depressão clínica”, comenta a cientista ao site especializado em notícias científicas.

 

Ligação entre comida e humor

 

A pesquisa contribui para entender o impacto de determinados nutrientes, alimentos e padrões alimentares na saúde mental. Os pesquisadores usaram como exemplo uma dieta rica em vegetais coloridos, legumes e grãos integrais, bem como peixes “gordos” (como salmão), azeite e castanhas cruas, sem sal.

“O foco principal era aumentar a qualidade da dieta com alimentos integrais frescos, reduzindo a ingestão de ultraprocessados e fast foods, açúcares e carne vermelha processada. Há muitas razões pelas quais cientificamente pensamos que a comida afeta o humor. Por exemplo, cerca de 90% da serotonina, substância que ajuda a nos fazer feliz, é produzida no intestino por nossa microbiota [colônia de bactérias benéficas]. Há evidências de que esses micróbios podem se comunicar com o cérebro através do nervo vago, no que é chamado de eixo intestino-cérebro”, esclarece Jessica Bayes ao SciTechDaily.

Mas para que se tenha uma microbiota saudável, é preciso alimentá-la com fibras, encontradas em legumes, frutas e vegetais.

A cientista lembra que aproximadamente 30% dos pacientes deprimidos não respondem adequadamente aos tratamentos, como terapia cognitivo-comportamental e medicamentos antidepressivos.

“Quase todos os nossos participantes permaneceram no programa, e muitos estavam ansiosos para continuar a dieta quando o estudo terminou, o que mostra como eles o acharam eficaz, tolerável e que vale a pena”, completa a pesquisadora da Universidade de Tecnologia de Sidney.