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Alimentação

Frutas vermelhas e vinho podem ajudar a reduzir a pressão arterial

Por João Paulo Martins  em 23 de agosto de 2021

Estudo descobre que ao sintetizarem os flavonoides presentes nos alimentos, as bactérias do intestino ajudam na regulação da pressão sanguínea

Frutas vermelhas e vinho podem ajudar a reduzir a pressão arterial
As frutas vermelhas são uma excelente fonte dos compostos bioativos flavonoides (Foto: Freepik)

Segundo estudo recente, alimentos ricos em flavonoides, como frutas vermelhas, maçãs, peras e vinho, podem ter efeito positivo na regulação da pressão arterial – isso devido parcialmente ao microbioma intestinal.

“Nossa microbiota intestinal desempenha um papel fundamental no metabolismo de flavonoides para aumentar os efeitos cardioprotetores. Este estudo fornece evidências que sugerem que esses efeitos são alcançáveis com simples mudanças na dieta cotidiana”, afirma o pesquisador Aedín Cassidy, da Universidade Queen, de Belfast, na Irlanda do Norte, principal autor do estudo publicado nesta segunda (23/8) na revista científica Hypertension, citado pelo site de notícias médicas Medical Xpress.

Os flavonoides são compostos bioativos encontrados naturalmente em frutas, vegetais e alimentos à base de plantas, como chá, chocolate e vinho, e seus efeitos benéficos para a saúde já foram comprovados por inúmeras pesquisas.

Como mostra o site especializado, cientistas já sabiam que havia uma ligação entre a microbiota intestinal, os microrganismos no trato digestivo e as doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

No estudo atual, os cientistas examinaram a associação entre a ingestão de alimentos ricos em flavonoides, a pressão arterial e a diversidade da microbiota intestinal. Também foi investigada se a variação das bactérias poderia explicar a associação entre o nutriente presente nas frutas vermelhas e o controle da hipertensão.

Sobre o estudo

Segundo o Medical Xpress. A pesquisa avaliou dados de 904 adultos com idades entre 25 e 82 anos (57% homens), que participavam do biobanco PopGen, da Alemanha. Além do consumo de alimentos, microbioma intestinal e pressão arterial, os participantes foram analisados quanto a outros fatores clínicos e moleculares em exames de acompanhamento realizados regularmente.

O consumo de flavonoides durante o ano anterior foi calculado a partir de um questionário autorrelatado pelos participantes, com detalhes de frequência e quantidade de 112 alimentos ingeridos.

O microbioma intestinal dos voluntários foi avaliado por meio da análise de DNA bacteriano extraído de amostras de fezes. Depois de um jejum noturno, os níveis de pressão arterial dos participantes foram medidos três vezes em intervalos de três minutos após um período inicial de descanso de cinco minutos.

Os pesquisadores também coletaram informações sobre o estilo de vida dos participantes, incluindo sexo, idade, tabagismo, uso de medicamentos e atividade física, bem como histórico familiar de doença arterial coronariana, número de calorias diárias e fibras consumidas, e o Índice de Massa Corporal (IMC) de cada um.

Os cientistas descobriram as seguintes relações entre ingestão regular de flavonoides, microbioma intestinal e níveis de pressão arterial:

O maior consumo de alimentos ricos em flavonoides, incluindo frutas vermelhas, vinho tinto, maçãs e peras, tiveram níveis de pressão arterial sistólica (coração bombeando sangue) mais baixos

Até 15,2% dos benefícios dos flavonoides para a regulação da pressão sistólica estavam associados à diversidade do microbioma intestinal dos participantes

Comer 126 g de frutas vermelhas por dia (uma xícara e meia) foi associado a uma redução média nos níveis de pressão arterial sistólica de 4,1 mmHg, com 12% dos benefícios associados à microbiota do intestino

Beber 125 ml de vinho tinto por semana foi associado a uma redução média de 3,7 mmHg na pressão arterial sistólica, dos quais 15% podem ser explicados pelo microbioma intestinal

“Nossos resultados indicam que estudos futuros devem olhar para os participantes de acordo com o perfil metabólico, a fim de estudar com mais precisão os papéis do metabolismo e do microbioma intestinal na regulação dos efeitos dos flavonoides na pressão arterial”, comenta  Aedín Cassidy, citado pelo Medical Xpress.