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Alimentação

Café pode reduzir risco de doenças no fígado

Por João Paulo Martins  em 23 de junho de 2021

Estudo recém-publicado mostra que o consumo regular de café está associado à redução de 21% no risco de doença hepática crônica

Café pode reduzir risco de doenças no fígado
(Foto: Freepik)

Beber café coado ou instantâneo e mesmo descafeinado está associado a um risco reduzido de desenvolver doença hepática crônica ou outros problemas no fígado, sugere um estudo observacional publicado na última terça (22/6) na revista científica BMC Public Health.

Pesquisadores das universidades de Southampton e de Edimburgo, no Reino Unido, descobriram que beber qualquer tipo de café pode reduzir o risco de desenvolvimento e de morte por doença crônica no fígado em comparação com não consome a bebida, com o benefício observado em quem ingere de três a quatro xícaras por dia.

No estudo, os cientistas usaram informações de 495.585 participantes do banco de dados britânico UK Biobank que consumiam café e que foram acompanhados por uma média de 10,7 anos para monitorar quem desenvolveu doença hepática crônica ou outras relacionadas.

Resultados da análise

De todos os voluntários incluídos no estudo, 78% (384.818) consumiam café moído ou instantâneo (inclusive descafeinado), enquanto 22% (109.767) não ingeriam a bebida. Durante o período de análise, houve 3.600 casos de doença hepática crônica, incluindo 301 mortes. Além disso, foram registrados 5.439 casos de doença hepática crônica ou esteatose (acúmulo de gordura no fígado) e 184 casos de carcinoma hepatocelular, um tipo de câncer de fígado.

Em comparação com os que não bebiam café, os participantes que ingeriam regularmente o grão apresentaram risco reduzido de 21% para doença hepática crônica; 20% menos chance de esteatose (gordura no fígado); e risco 49% menor de morte por doença hepática crônica.

O maior benefício foi observado no grupo que bebeu café moído, que contém altos níveis das substâncias kahweol e cafestol, que já se mostraram benéficas na prevenção de doenças crônicas do fígado em animais.

O café instantâneo, que possui níveis mais baixos dessas duas moléculas também foi associado a uma redução do risco de doença hepática crônica, embora menor do que a associada ao grão moído.

“O café é amplamente acessível e os benefícios que vimos em nosso estudo significam que ele pode oferecer um tratamento preventivo em potencial para doenças hepáticas crônicas. Isso seria especialmente valioso em países com renda mais baixa e pior acesso aos cuidados de saúde e onde o fardo dessa doença é maior”, afirma o pesquisador Oliver Kennedy, da Universidade de  Southampton, citado por artigo do site da instituição britânica de ensino.

Ainda assim, os cientistas alertam que, como o consumo de café foi relatado apenas quando os participantes se inscreveram no estudo, a análise não leva em consideração quaisquer mudanças na quantidade ou tipo da bebida que eles consumiram durante o período de 10,7 anos.

Além disso, os voluntários eram predominantemente caucasianos e de condição socioeconômica mais elevada, o que significa que os resultados podem não ser traduzidos para outros países e populações.

Os autores sugerem que são necessárias mais pesquisas para testar a relação entre o café e a doença hepática crônica com um controle mais rigoroso da quantidade de bebida consumida. Eles também propõem validar as descobertas em grupos de participantes mais diversificados.