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Saúde

Vacina da AstraZeneca também é associada à síndrome de Guillain-Barré

Por João Paulo Martins  em 22 de junho de 2021

Dois estudos recentes apresentam 11 casos de indianos e britânicos que receberam o imunizante da Oxford-AstraZeneca e apresentaram a rara doença neurológica

Vacina da AstraZeneca também é associada à síndrome de Guillain-Barré
(Foto: Pixabay)

Depois da trombose, dos coágulos sanguíneos e de doença autoimune, agora, a vacina da AstraZeneca contra covid-19 está sendo associada à doença neurológica rara chamada síndrome de Guillain-Barré.

De acordo com dois estudos (um indiano e outro britânico) publicados no dia 10 de junho no periódico científico Annals of Neurology, 11 indivíduos que receberam o imunizante do consórcio da Universidade de Oxford, do Reino Unido, com a biofarmacêutica britânica AstraZeneca desenvolveram a doença.

As pesquisas descrevem uma variante incomum da síndrome de Guillain-Barré, que é caracterizada por fraqueza facial, que afetou 11 vacinados na Índia e no Reino Unido de 10 a 22 dias após o recebimento da vacina contra o novo coronavírus.

Sete casos foram relatados num centro médico de Kerala, na Índia, onde aproximadamente 1,2 milhão de pessoas receberam a AstraZeneca até 22 de abril. Os casos ocorreram dentro de duas semanas após a primeira dose do imunizante.

“Seis dos sete pacientes progrediram para tetraplegia e necessitaram de suporte ventilatório mecânico. A frequência da síndrome de Guillain-Barré foi de 1,4 a 10 vezes maior do que a esperada para uma população dessa magnitude. Além disso, a frequência de fraqueza facial bilateral, que normalmente ocorre em menos de 20% das vítimas da síndrome, sugere um padrão associado à vacinação”, afirma o neurologista Boby Varkey Maramattom, do hospital Aster Medcity, de Kerala, um dos autores do estudo, citado pelo jornal indiano National Herald.

Os outros quatro casos de síndrome de Guillain-Barré foram relatados em Nottingham, na Inglaterra, onde aproximadamente 700.000 pessoas receberam a mesma vacina. Eles também apresentaram fraqueza bifacial e parestesia (formigamento) associadas à doença neurológica, após três semanas da vacinação.

“Essa síndrome neurológica rara foi relatada anteriormente em associação com a própria infecção por SARS-CoV-2. Se a ligação for causal, pode ser devido a uma resposta imunológica de reação cruzada à proteína spike do coronavírus e a componentes do sistema imunológico periférico”, diz o pesquisador Jonathan Rhys Evans, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, um dos autores do estudo britânico, também citado pelo jornal indiano.

Embora os benefícios da vacinação superem substancialmente o risco considerado relativamente raro – 5,8 casos a cada um milhão de vacinados –, os cientistas enfatizam que os médicos devem estar alertas a essa possível reação adversa.