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Saúde

Superbactérias chegariam aos hospitais "ocultas" nos pacientes que vão afetar, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 19 de setembro de 2023

Cientistas descobriram que a bactéria Clostridioides difficile presente em pacientes, de alguma forma, desencadeia a infecção após a internação

Superbactérias chegariam aos hospitais "ocultas" nos pacientes que vão afetar, diz estudo
(Foto: Freepik)

 

Que as superbactérias são um desafio para a saúde pública, isso não é novidade. Agora, um estudo publicado nesta segunda (18/9), na revista científica Nature Medicine, sugere que os micro-organismos resistentes podem não ser adquiridos nos hospitais, mas chegarem pelos pacientes, desencadeando a infecção durante a internação hospitalar, talvez por medicamentos ou doenças.

Cientistas da Universidade de Michigan, nos EUA, analisaram mais de 1.100 pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI) do centro médico da Universidade Rush, em Chicago, durante um período de nove meses.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, eles descobriram que cerca de nove pessoas já eram portadoras da bactéria Clostridioides difficile, uma das mais resistentes na atualidade. Além disso, apenas seis das 425 cepas avaliadas eram geneticamente semelhantes o suficiente para que pudessem ter sido transmitidas entre os pacientes da UTI.

“Ao analisar amostras de cada paciente, pensamos que poderíamos entender como a transmissão estava acontecendo. A surpresa foi que, com base na análise genômica, houve muito pouca transmissão”, afirma o pesquisador Evan Snitkin, um dos autores do estudo, citado pelo jornal.

De acordo com ele, ainda não é possível explicar como a superbactéria sai do intestino e vai parar no organismo do paciente, causando diarreia e outras complicações.

Curiosamente, os pesquisadores descobriram que o aumento dos casos de infecção pela C. difficile nos hospitais estava relacionado ao número elevado de ocorrências na comunidade e, desde então, caíram, sugerindo que algumas pessoas podem ter sido internadas carregando a infecção adquirida fora do ambiente hospitalar.

Os cientistas alertam que isso não significa que as medidas de prevenção de infecções hospitalares não sejam necessárias, mas sim, que devem ser criadas formas de identificar os pacientes já infectados quando dão entrada na unidade de saúde.

“C. difficile cria esporos, que são bastante resistentes aos estresses ambientais, incluindo a exposição ao oxigênio e à desidratação. Por exemplo, eles são imunes aos desinfetantes para as mãos à base de álcool”, comenta o pesquisador Vincent Young, outro autor do estudo, também citado pelo The Telegraph.