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Saúde

Retirar o apêndice pode reduzir o risco da Doença de Parkinson em mais de 50%, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 26 de agosto de 2023

Cientistas descobriram que pessoas que realizaram a cirurgia chamada apendicectomia tinham 52% menos risco de ter o problema neurológico

Retirar o apêndice pode reduzir o risco da Doença de Parkinson em mais de 50%, diz estudo
O apêndice tem apenas 10 cm e é uma espécie de extensão do intestino grosso (Foto: iStock)

 

Em estudo publicado na última quinta (24/8), na revista científica Gut, pesquisadores sugerem que a Doença de Parkinson pode ser originada no apêndice, órgão ligado ao intestino grosso que ainda é considerado “misterioso” por muita gente. As análises apontam que pessoas que passaram pela apendicectomia (retirada do apêndice) apresentaram menor risco de desenvolver a condição neurológica.

Os cientistas avaliaram dados de cerca de 25.000 pacientes com Parkinson, que fazem parte da plataforma científica TriNetX, em busca de problemas intestinais que poderiam aumentar o risco da doença e os compararam com indivíduos saudáveis.

Como mostra o jornal britânico The Telegraph, embora os pesquisadores tenham descoberto que problemas como prisão de ventre, dificuldade para engolir e síndrome do intestino irritável estavam associados a um risco aumentado de Parkinson, eles ficaram surpresos ao perceber que a retirada do apêndice parecia gerar um efeito protetor.

Ainda mais curioso, as pessoas que realizaram a apendicectomia tiveram 52% menos probabilidade de desenvolver a doença neurológica.

O apêndice é um tubo em forma de verme de 10 cm preso ao intestino grosso e sua função exata permanece um mistério. Os humanos são capazes de viver saudavelmente sem ele.

Alguns cientistas acreditam que é um vestígio evolutivo que herdamos dos nossos ancestrais herbívoros, que precisavam de uma “ajuda extra” na digestão, diz o jornal britânico.

Outros acham que esse órgão pode ter uma função importante no sistema imunológico, talvez atuando como um depósito de bactérias saudáveis, que são liberadas no intestino após uma infecção.

No estudo recém-publicado, os pesquisadores sugerem que o apêndice pode ser responsável por produzir uma proteína chamada alfa-sinucleína, que está associada ao aparecimento da Doença de Parkinson e pode viajar do intestino até o sistema nervoso central.

“Um ponto interessante do estudo é a associação aparentemente protetora da apendicectomia com a Doença de Parkinson, implicando, além disso, que o apêndice pode ser a origem da patologia que se espalha pelo intestino e, finalmente, pelo cérebro. Uma vez que essa última associação estava dentro da faixa de vigilância, tem que ser validada ainda mais”, comenta o pesquisador Tim Bartels, da Universidade College de Londres, no Reino Unido, que não participou do estudo atual, em entrevista ao The Telegraph.