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Ciência

Ouça os ecos emitidos por oito buracos negros binários da Via Láctea

Por João Paulo Martins  em 03 de maio de 2022

Os sons, na verdade, correspondem a emissões de raios-x que foram transformadas em ondas audíveis

Ouça os ecos emitidos por oito buracos negros binários da Via Láctea
(Foto: Freepik)

 

Usando uma nova ferramenta que foi apelidada de “Máquina de Reverberação” (Reverberation Machine), cientistas detectaram oito buracos negros binários ecoando na Via Láctea. Eles converteram os ecos de raios-X em ondas sonoras, que você pode ouvir no vídeo abaixo.

Para chegar ao curioso som audível, a Reverberation Machine combinou dados do telescópio NICER, instalado na Estação Espacial Internacional e que estuda emissões de raios-X de fontes como buracos negros e estrelas de nêutrons. As descobertas foram publicadas na última terça (2/5) no periódico científico The Astrophysical Journal.

Buracos negros são objetos espaciais supermassivos com forças gravitacionais tão intensas que nem mesmo a luz pode escapar deles. Esses corpos celestes são frequentemente cercados por “nuvens” de gás e poeira superaquecidos, chamados de discos de acreção. Quando parte dessa matéria superaquecida entra no buraco negro, raios-X são produzidos.

Nos conjuntos binários, o buraco orbita e se alimenta de uma grande estrela companheira, como uma pulga em um cachorro, fazendo seu entorno brilhar com as emissões de raios-X. Graças a esses discos de acreção, pesquisadores são capazes de observar os buracos negros “invisíveis” (engolem a luz e não a emitem).

“O papel dos buracos negros na evolução das galáxias é uma questão pendente na astrofísica moderna. Curiosamente, esses buracos negros binários parecem ser ‘mini’ buracos negros supermassivos e, portanto, entendendo as explosões nesses pequenos sistemas próximos, podemos entender como explosões semelhantes em buracos negros supermassivos afetam as galáxias em que residem”, comenta a astrofísica Erin Kara, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos EUA, uma das autoras do estudo, citada pelo site americano Gizmodo.

Os pesquisadores descobriram que esses buracos negros binários tinham massa de cinco a 15 vezes a do Sol, e todos se alimentavam de estrelas semelhantes à nossa. Segundo o estudo, esses corpos celestes apresentaram uma grande explosão inicial de raios-X, que durou várias semanas, durante as quais os buracos negros geraram coroas luminosas e expeliram enormes jatos de material quase à velocidade da luz. Então, ao longo de alguns dias, as coroas se desvaneceram e os jatos se dissiparam.

Alguns desses raios-X refletem nos discos de acreção, criando “ecos” da emissão inicial, informa o Gizmodo.