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Cientistas descobrem sinal de rádio misterioso proveniente de uma galáxia com estrelas velhas

Por Da Redação  em 28 de fevereiro de 2022

Normalmente, as rajadas rápidas de rádio (fast radio burst) se originam em regiões com estrelas recém-formadas

Cientistas descobrem sinal de rádio misterioso proveniente de uma galáxia com estrelas velhas
(Foto: Daniëlle Futselaar/Astron/Artsource.nl/Reprodução)

 

Cientistas encontraram uma misteriosa emissão de rajadas rápidas de rádio (fast radio burst) provenientes de uma galáxia formada por estrelas velhas. Isso é estranho porque, normalmente, ondas de radiofrequência como essas se originam em áreas com estrelas jovens.

Segundo o site americano Inverse, foram necessários 12 radiotelescópios trabalhando em conjunto para realizar a descoberta, que foi publicada na revista científica Nature na última quarta (23/2).

Os astrônomos localizaram o pulso de rádio no conjunto de estrelas antigas na galáxia Messier 81 (M81). Ela é conhecida porque é muito brilhante e relativamente próxima, localizada a “apenas” 12 milhões de anos-luz da Terra.

Foi preciso analisar a fundo os dados relacionados à fonte emissora das rajadas rápidas de rádio, pois “tinha que ser outra coisa” além das estrelas antigas presentes em M81, comenta o pesquisador Franz Kirsten, da Universidade Chalmers, na Suécia, um dos autores do estudo, citado pelo Inverse.

Um provável suspeito para os sinais, conforme o artigo recém-publicado, é o “cadáver” de uma estrela anã branca. Esse tipo de corpo celeste é formado quando estrelas com pouca ou média quantidade de massa, como o nosso Sol, perdem camadas no final da vida, à medida que ficam sem combustível para realizar a fusão nuclear. Na fase de resfriamento, deixam para trás apenas o núcleo, conhecido como anã branca.

Os cientistas afirmam que rajadas rápidas de rádio podem ocorrer em sistemas binários formados por uma anã branca e outra estrela que ainda não terminou seu ciclo normal de fusão. É possível que a gravidade da anã branca consiga puxar tanta massa de sua companheira que acaba colapsando sob o peso do gás acumulado, formando a superdensa e pequena (tamanho de uma cidade) estrela de nêutrons.

Na verdade, para ser a fonte de radiofrequência, a estrela de nêutrons precisa ter um campo magnético ultraforte, na forma de um magnetar.

“Essa é uma ocorrência rara, mas se tratando de um aglomerado de estrelas antigas, é a maneira mais simples de produzir rajadas rápidas de rádio”, afirma o pesqusiador Mohit Bhardwaj, da Universidade McGill, no Canadá, também autor do estudo e citado pelo Inverse.

Ainda são necessárias mais observações da galáxia M81 para descobrir o local de origem da emissão de rádio, seja de um magnetar ou de outro objeto exótico. Outros possíveis candidatos podem ser um buraco negro ou uma estrela de nêutrons em rotação rápida conhecida como pulsar.