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Ciência

Geleira na Antártida, que tem o tamanho da Flórida, está derretendo mais rápido do que se imaginava

Por João Paulo Martins  em 07 de setembro de 2022

Cientistas alertam que a perda da geleira Thwaites pode representar uma catástrofe global ao elevar o nível do mar em até três metros

Geleira na Antártida, que tem o tamanho da Flórida, está derretendo mais rápido do que se imaginava
(Foto: Pixabay)

 

Uma enorme geleira na Antártida, com o tamanho da Flórida (EUA), está se desfazendo mais rápido do que o previsto e pode elevar o nível do mar em vários metros, causando uma catástrofe global, de acordo com estudo publicado na última segunda (5/9) na revista científica Nature Geoscience.

Cientistas acreditam que a geleira Thwaites – também conhecida como “geleira do fim do mundo” –, localizada na parte ocidental do continente gelado, caso derreta totalmente, pode fazer com que o nível do mar suba de 90 cm a três metros, revela o jornal americano The Washington Post. Depois de fazerem um mapeamento em alta resolução da geleira, os pesquisadores descobriram que a extensão da camada de gelo passou por uma fase de “recuo rápido” em algum momento nos últimos dois séculos – a perda se deu em menos de seis meses.

De acordo com o estudo, a geleira “perdeu contato com uma cordilheira submarina” e agora recuou a uma velocidade de 2,1 km por ano, entre 2011 e 2019. Essa taxa equivale ao dobro do que se esperava.

Ao contrário de outras geleiras que estão conectadas à terra, a Thwaites está presa no fundo do mar, o que a deixa ainda mais vulnerável ao aquecimento dos oceanos, como resultado das mudanças climáticas induzidas pelo homem. A geleira “do fim do mundo” já responde por cerca de 4% do aumento anual do nível do mar, segundo o jornal americano.

De acordo com as Nações Unidas, mais de 40% da população mundial vive a menos de 100 km da costa, em áreas que serão duramente atingidas pelo aumento das marés.

“De fato, Thwaites está se segurando por um fio e, em breve, devemos ver grandes mudanças em pequenas escalas de tempo – mesmo de um ano para outro –, uma vez que a geleira recue para além de uma crista superficial em sua base", comenta o cientista Robert Larter, da British Antarctic Survey, coautor do estudo, citado pelo The Washington Post.

Imagens de satélite tiradas no final do ano passado revelam que uma plataforma de gelo usada para estabilizar a porção leste da geleira já apresentava sinais de rachaduras. Isso, de acordo com os cientistas, pode levar a um efeito dominó em toda essa estrutura, caso seja atingida por ventos fortes.

Ainda assim, os pesquisadores dizem que o colapso dessa plataforma não contribuiria imediatamente para o aumento do nível do mar, embora pudesse acelerar a erosão da Thwaites.

Não se pode prever com confiança se ou quando a estrutura da geleira deve se dissolver completamente, mas os cientistas acreditam que a redução das emissões de carbono e, consequentemente, do aquecimento global, nos próximos 75 anos, será crucial para a sobrevivência da Thwaites.