busca

Ciência

Descoberto na Austrália fóssil de ave de rapina de 25 milhões de anos

Por João Paulo Martins  em 27 de setembro de 2021

Chamada de Archaehierax sylvestris, a espécie ancestral possui características bem distintas das águias e dos falcões modernos

Descoberto na Austrália fóssil de ave de rapina de 25 milhões de anos
Archaehierax sylvestris viveu há 25 milhões e anos e possuía asas curtas, pernas compridas e pés mais largos (Foto: Ellen K. Mather et ali/Historical Biology/Divulgação)

 

Cientistas descobriram numa fazenda de gado no interior da Austrália do Sul um fóssil de “águia” que viveu há 25 milhões de anos, que foi identificado como uma das mais antigas espécies de aves de rapina já catalogadas, segundo o jornal britânico The Guardian.

Em 2016, paleontologistas encontraram 60 ossos na margem de um lago seco conhecido como Lake Pinpa e chamaram a nova espécie de Archaehierax sylvestris. Sua descrição consta de um estudo publicado nesta segunda (27/9) na revista científica Historical Biology.

De acordo com a pesquisadora Ellen Mather, da Universidade de Flinders, na Austrália, uma das autoras do estudo, citada pelo jornal, o pássaro antigo era ligeiramente menor que a águia-audaz, típica da região e que possui envergadura de até 2,8 m.

“Provavelmente seria uma das maiores águias da época, com base no que sabemos. Acreditamos que ela estaria predando a maioria das aves e mamíferos de pequeno e médio porte que viviam naquela época”, comenta Mather ao The Guardian.

A cientista lembra que embora o Lake Pinpa hoje seja uma região desértica, há 25 milhões de anos provavelmente possuía floresta tropical temperada com corpos permanentes de água.

 

Descoberto na Austrália fóssil de ave de rapina de 25 milhões de anos
Os paleontólogos encontraram nada menos que 60 ossos fossilizados nas margens do Lake Pinpa na Austrália do Sul (Foto: Ellen K. Mather et ali/Historical Biology/Divulgação)

 

Curiosamente, o estudo revela que a águia ancestral tinha asas relativamente curtas para seu tamanho, mas pernas compridas. “Isso é muito comum em águias de floresta. É uma adaptação para ter de voar em espaços mais fechados em comparação com as águias que vivem em áreas mais abertas, como pastagens e bosques”, explica a pesquisadora ao periódico britânico.

Conforme Ellen Mather, a descoberta mostra que a Austrália tinha uma linhagem endêmica de águias, mas o Archaehierax sylvestris pertencia a um ramo distinto e não era um ancestral direto de nenhuma espécie atual.

“Isso mostra que mesmo 25 milhões de anos atrás, essa família [Accipitridae, de águias e gaviões] estava amplamente distribuída globalmente, mas também diversificada. A Austrália parece ter sido um lugar de diversidade única mesmo naquela época”, completa a cientista australiana.

A águia ancestral do Lake Pinpa possuía características diferentes de falcões e águias modernas, incluindo um pé mais largo para capturar presas.

“Alguns dos pontos de inserção muscular na perna eram bastante profundos em comparação com a maioria dos accipitrídeos atuais. Isso pode sugerir uma pegada bastante forte, considerando sua constituição bastante delgada”, afirma Ellen Mather ao The Guardian.