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Cientistas fazem cobaias voltarem a andar após lesão na medula espinhal

Por João Paulo Martins  em 26 de setembro de 2023

A recuperação da função motora se deu graças à regeneração de axônios, uma importante estrutura dos neurônios

Cientistas fazem cobaias voltarem a andar após lesão na medula espinhal
Ratos conseguiram voltar a andar após a regeneração dos axônios (Foto: Neuroestore/EPFL/Divulgação)

 

Um grupo internacional de cientistas conseguiu fazer com que cobaias voltassem a andar mesmo após terem sofrido uma lesão na medula espinhal. O estudo que traz a novidade foi publicado na última quinta (21/9), na revista científica Science.

Como mostra o site de notícias científicas Phys.org, os pesquisadores já haviam demonstrado, em 2018, que era possível recuperar os axônios (fibras que conectam as células nervosas e permitem a comunicação delas) após uma lesão na coluna de roedores. Mas apesar do sucesso dessa regeneração, eles não conseguiram fazer com que as cobaias nadassem.

No estudo atual, a equipe teve como objetivo determinar o efeito da regeneração específica dos axônios ligados às áreas do cérebro responsáveis pela mobilidade dos ratos. Eles primeiro usaram análises genéticas avançadas para identificar os grupos de células nervosas que permitem a melhora da locomoção após uma lesão parcial da medula espinhal.

De acordo com o site especializado, os cientistas descobriram que o uso de sinais químicos para atrair e guiar a regeneração desses axônios levaram a melhorias significativas na capacidade de caminhar das cobaias com lesão completa na coluna.

“Nosso estudo fornece insights cruciais sobre os meandros da regeneração do axônio e os requisitos para a recuperação funcional após lesões na medula espinhal”, comenta o pesquisador Michael Sofroniew, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos EUA, autor sênior do estudo, citado pelo Phys.org.

Segundo ele, os resultados são promissores para o desenvolvimento de terapias destinadas a restaurar funções neurológicas em animais maiores e até mesmo em humanos. No entanto, reconhece a complexidade de promover a regeneração em sistemas nervosos maiores e mais complexos.

Ainda assim, os cientistas acreditam que o estudo recém-publicado pode levar à “reparação significativa da medula espinhal lesionada e poderá acelerar a reparação após outras formas de lesões e doenças do sistema nervoso central”.