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Cientistas detectam sinal gerado por galáxia a quase nove bilhões de anos-luz da Terra

Por João Paulo Martins  em 19 de janeiro de 2023

A incrível descoberta foi possível graças a um radiotelescópio indiano e ao efeito da lente gravitacional

Cientistas detectam sinal gerado por galáxia a quase nove bilhões de anos-luz da Terra
O radiotelescópio Giant Metrewave está localizado na Índia (Foto: Facebook/National Centre for Radio Astrophysics/Reprodução)

 

Muita gente gostaria de poder viajar para o passado. Mas isso ainda não é possível, a não ser para os astrônomos ao observarem o Universo. Em estudo publicado próximo ao Natal de 2023 no periódico científico Monthly Notices, Arnab Chakraborty, da Universidade McGill, no Canadá, e Nirupam Roy, do Instituto Indiano de Ciência, detectaram um sinal vindo de uma galáxia a cerca de nove bilhões de anos-luz da Terra.

Segundo a agência russa de notícias Sputnik, a descoberta foi possível graças às varreduras do espaço realizadas pelo radiotelescópio Giant Metrewave, instalado em Pune, no estado de Maharashtra, na Índia. O sinal captado precisou viajar quase metade da idade do Universo para chegar até nós.

Os cientistas explicam que não se trata de uma misteriosa rajada rápida de rádio (fast radio burst), como já vimos anteriormente, mas de um sinal gerado por átomos de hidrogênio, considerados o principal elemento da formação de estrelas nas galáxias.

Esses átomos emitem ondas de rádio, que podem ser detectadas por radiotelescópios de baixa frequência, explica a agência. No entanto, o sinal descrito no estudo recente é extremamente fraco. Além disso, é muito difícil conseguir rastrear uma emissão desse tipo proveniente de áreas distantes do espaço.

O sinal detectado pelo radiotelescópio indiano veio da galáxia SDSSJ0826+5630, que surgiu quando o Universo tinha “apenas” 4,9 bilhões de anos.

“É o equivalente a uma viagem ao passado de 8,8 bilhões de anos”, comenta o pesquisador Arnab Chakraborty, citado pela Sputnik.

O radiotelescópio Giant Metrewave conseguiu captar os dados por meio das chamadas lentes gravitacionais, quando um corpo celeste supermassivo curva a luz emitida por outras fontes. Com isso, foi gerada uma “ampliação” do sinal dos átomos de hidrogênios: a onda original tinha 21 cm de comprimento e aumentou para 48 centímetros ao sofrer os efeitos da lente gravitacional.

“Mas, graças à ajuda de um fenômeno natural chamado lente gravitacional, pudemos bater o recorde de captura do fraco sinal a partir de uma longa distância. Isso nos ajudará a entender a composição de galáxias distantes e muito maiores que a nossa”, afirmam os cientistas, citados pela agência russa.