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Cientistas descobrem que núcleo da Terra está esfriando mais rápido do que se pensava

Por João Paulo Martins  em 15 de janeiro de 2022

Estudo usou um mineral presente entre o manto e o núcleo do planeta para medir essa perda de calor

Cientistas descobrem que núcleo da Terra está esfriando mais rápido do que se pensava
(Foto: Freepik)

 

Em estudo publicado na edição de janeiro da revista científica Earth and Planetary Science Letters, pesquisadores demonstraram em laboratório que, a partir de um mineral condutor de calor, encontrado entre o núcleo e o manto da Terra, foi possível descobrir que nosso planeta está resfriando mais cedo do que se pensava.

Há 4,5 bilhões de anos, temperaturas extremas prevaleciam na superfície da jovem Terra, e ela era coberta por um profundo oceano de magma. Ao longo de milhões de anos, a superfície do planeta esfriou para formar uma crosta quebradiça. No entanto, a enorme energia térmica que emana de seu interior é responsável por processos dinâmicos como o movimento das placas tectônicas e os vulcões.

Ainda sem resposta, porém, estão as questões de quão rápido a Terra esfriou e quanto tempo pode levar para essa perda de calor interromper os processos acionados pelo núcleo superquente. Por isso é importante a condutividade térmica dos minerais que ficam na fronteira entre o núcleo e o manto terrestres.

Essa camada é formada principalmente pelo mineral bridgmanita. No entanto, os pesquisadores têm dificuldade em estimar quanto calor esse mineral conduz do núcleo da Terra para o manto porque a verificação experimental é muito difícil, revela o site de notícias científicas Phys.org.

O pesquisador Motohiko Murakami, da universidade ETH Zürich, na Suíça, líder do estudo recém-divulgado, ajudou a desenvolver um sofisticado sistema que permite medir a condutividade térmica da bridgmanita em laboratório, sob as condições de pressão e temperatura que similares às do interior da Terra.

“Esse sistema de medição nos permite mostrar que a condutividade térmica da bridgmanita é cerca de 1,5 vezes maior do que o que se imaginava”, diz Murakami, citado pelo site especializado. Isso significa que o fluxo de calor do núcleo para o manto também é maior do que se pensava anteriormente, o que acelera o resfriamento do planeta.

Essa “rápida” perda de calor pode fazer com que as placas tectônicas, que são mantidas pelos movimentos convectivos do manto, desacelerem mais rápido do que os pesquisadores esperavam com base nos valores anteriores de condução térmica.

“Nossos resultados podem nos dar uma nova perspectiva sobre a evolução da dinâmica da Terra. Eles sugerem que a Terra, como os outros planetas rochosos Mercúrio e Marte, está esfriando e se tornando inativa muito mais rápido do que o esperado”, explica Motohiko Murakami, citado pelo Phys.org.

No entanto, ele não sabe dizer quanto tempo levará para que as correntes de convecção no manto cessem totalmente. Para tanto, é preciso primeiro entender como o movimento de convecção do manto funciona em termos espaciais e temporais. Além disso, os cientistas precisam esclarecer como a perda de elementos radioativos no interior da Terra – uma das principais fontes de calor – afeta a dinâmica do manto.