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Cientistas criam tecido que pode restaurar a ereção em homens com disfunção erétil

Por João Paulo Martins  em 05 de janeiro de 2023

Em testes com cobaias, a túnica albugínea artificial, similar ao tecido natural do pênis, apresentou ótimo resultado na manutenção das ereções

Cientistas criam tecido que pode restaurar a ereção em homens com disfunção erétil
(Foto: Freepik)

 

Em estudo publicado na última quarta (4/1) na revista científica Matter, cientistas revelam um tecido sintético capaz de reparar lesões e restaurar a ereção em homens com disfunção. Os testes bem-sucedidos foram realizados com porcos As descobertas sugerem que a chamada túnica albugínea artificial, que imita uma bainha fibrosa de tecido necessária para manter as ereções, é uma esperança no reparo de lesões nos pênis de humanos.

“A maior vantagem da túnica que experimentamos é que ela cumpre funções semelhantes a tecidos, imitando a microestrutura dos tecidos naturais. Essa abordagem não se limita ao design similar ao da túnica albugínea, mas pode ser estendida a outros tecidos de suporte de carga”, explica o pesquisador Xuetao Shi, da Universidade de Tecnologia do Sul da China, em Guangzhou, um dos autores do estudo, citado pelo site de notícias médicas News Medical Life Sciences.

Segundo o cientista, o foco de pesquisa era a produção de biomateriais ligados à saúde reprodutiva masculina, incluindo disfunção erétil, infertilidade e doença de Peyronie – distúrbio do tecido conjuntivo que se acredita ocorrer como resultado de lesões sexuais. Cerca de metade dos homens de 40 a 70 anos sofrem de alguma forma dificuldade de ereção, enquanto cerca de 5% sofrem de Peyronie, na qual o tecido cicatricial se forma na túnica albugínea, causando dor e uma série de outros problemas, de acordo com o site especializado.

Embora médicos costumem tratar pacientes com danos na túnica albugínea por meio de enxertos de tecidos de outras partes do corpo do paciente, combinados com matriz extracelular, esses “remendos” apresentam desvantagens. Às vezes, o sistema imunológico os rejeita ou então, como as microestruturas são diferentes da túnica albugínea natural, é difícil que o enxerto substitua perfeitamente o tecido original.

Para resolver esse problema, Xuetao Shi e seus colegas desenvolveram o material baseado em álcool polivinílico, que possui uma estrutura fibrosa semelhante à do tecido natural. Como resultado, o material sintético possui propriedades biomecânicas que imitam as da túnica albugínea, explica o News Medical Life Sciences. No estudo recente, os pesquisadores investigaram a toxicidade do tecido artificial e a compatibilidade sanguínea, já que é projetado para permanecer no corpo por muito tempo, e determinaram que não deve ser prejudicial ao organismo.

Em seguida, foram realizados testes com mini porcos com lesões na túnica albugínea. Os cientistas descobriram que o tecido artificial foi capaz de restaurar a ereção de forma semelhante à do tecido peniano normal, sugerindo que o material substituiu com sucesso a função dos tecidos naturais. Após um mês, embora a única albugínea artificial não tenha restaurado a microestrutura do tecido natural circundante, ela desenvolveu fibrose comparável à do organismo e levou à ereção normal após injeção de solução salina no pênis das cobaias.

De acordo com Xuetao Shi, citado pelo site especializado, nas lesões penianas, a túnica albugínea geralmente não é o único tecido danificado. Os nervos circundantes e o corpo cavernoso  (tecido esponjoso que percorre o eixo do pênis) também costumam ser afetados, tornando os reparos ainda mais difíceis.

“Neste momento, nosso trabalho se concentra no reparo de um único tecido do pênis. O próximo passo é a reparação do defeito peniano geral ou de construção de um pênis artificial”, afirma o pesquisador chinês.

Ele acrescenta que os pesquisadores também planejam criar técnicas para reparar outros tecidos, incluindo do coração e da bexiga.