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Bem-Estar

Crianças trocaram medo de seres imaginários por situações reais durante a pandemia, alerta estudo

Por Da Redação  em 15 de junho de 2022

Pesquisadora da USP descobriu que os jovens passaram a temer cosias de adulto, como a covid-19 e a possibilidade de morrer

Crianças trocaram medo de seres imaginários por situações reais durante a pandemia, alerta estudo
(Foto: Freepik)

 

A pandemia de covid-19 fez com que crianças passassem a ter medos mais reais no lugar de fantasmas e personagens de filmes de terror. Isso é o que a psicóloga Geovana Figueira Gomes, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), descobriu em sua pesquisa de mestrado.

Como se sabe, a forma como o mundo se apresenta e as mudanças constantes influenciam os temores infantis. Na pandemia, no lugar dos seres fictícios, as crianças tiveram mais medo de animais e insetos, da perda dos pais, das doenças e, principalmente, do coronavírus.

No estudo, Geovana coletou informações de 40 crianças do ensino fundamental que precisavam desenhar e contar histórias sobre seus medos. O estudo foi realizado em dois momentos: antes da pandemia, de forma presencial nas escolas; e durante o isolamento social, em chamadas de vídeo pelo WhatsApp.

Foram 20 meninas e 20 meninos que realizaram desenhos, contaram histórias e deram títulos às suas produções a partir da pergunta: “do que uma criança tem medo hoje?”. Ao final, os participantes tiveram conversas e apresentaram suas experiências à psicóloga da USP.

Além da mudança dos medos, Geovana Gomes notou que a pandemia também reforçou a importância do diálogo, feito de forma clara e acessível, no trato com as crianças em qualquer situação de temor. A pesquisadora salienta que é importante que o temor não tome conta dos jovens, já que, durante o desenvolvimento infantil, a criança precisa ser preservada e o lugar em que vive é crucial para crescer menos temerosa.

Ela pede que pais e profissionais que trabalham com crianças que não escondam as informações e sim dialoguem, criando estratégias para entender a origem do medo e verificando o nível de segurança delas.

Em qualquer circunstância, é importante acolher e levar a sério os medos infantis, alerta a pesquisadora Valéria Barbieri, também da USP. “Os braços do pai, da mãe, ou de qualquer outra pessoa de confiança são os melhores remédios contra a ansiedade infantil”, sugere a especialista, citada pelo Jornal da USP. Mas quando esses medos durarem ou aflorarem por muito tempo, os pais devem procurar ajuda profissional o quanto antes.

Em relação ao medo gerado durante a pandemia de covid, Valéria cita as medidas sanitárias, como uso de máscara, higienização das mãos e vacinação, como exemplos de “armas contra o medo real”.

O amadurecimento natural da criança, no decorrer do tempo, faz com que medos de objetos e situações reais substituam pouco a pouco os imaginários, mas não devem ser os únicos, “porque sempre precisa haver espaço para a imaginação na vida da pessoa”, diz a pesquisadora.

(Com Jornal da USP)