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Bem-Estar

Cerâmica das xícaras pode afetar sabor, cor e benefícios do chá, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 13 de setembro de 2023

Cientistas descobriram que óxidos que fornecem cor às xícaras de cerâmica podem afetar antioxidantes chamados catequinas

Cerâmica das xícaras pode afetar sabor, cor e benefícios do chá, diz estudo
(Foto: Freepik)

 

O chá é considerado uma bebida medicinal desde 2.700 a.C., por ser rico em flavonoides e polifenóis, antioxidantes que podem fornecer benefícios à saúde. Porém, cientistas do Instituto de Tecnologia de Nagoya, no Japão, descobriram que o esmalte usado na produção da cerâmica, material comum das xícaras, pode afetar as catequinas, um tipo de flavonoide do chá.

O estudo, publicado em junho deste ano na revista científica Scientific Reports, analisou alguns elementos usados em esmaltes que conferem aparência e textura únicas à cerâmica: óxido de cobre, que dá uma cor verde vibrante; óxido de cobalto, para uma aparência azul escura; óxido de ferro, que confere tons alaranjados; e óxido de titânio, que proporciona um acabamento transparente.

Como mostra o site americano SciTechDaily, para examinar o efeito do esmalte das xícaras nas catequinas, os pesquisadores prepararam chá verde a 80º C, com três minutos de infusão. As folhas de chá foram separadas e o líquido, misturado com pó de esmalte. Essa mistura foi então deixada para reagir durante seis horas e, em seguida, passou por centrifugação e filtragem.

Os pesquisadores observaram que a solução pura do chá tinha uma cor amarela clara e brilhante, mas após seis horas de degradação, tornou-se marrom-amarelada. Em contraste, as soluções de chá degradadas por diferentes esmaltes exibiram cores pretas ou marrons mais escuras. O nível de mudança na cor dependia significativamente do tipo de esmalte a que foi exposto o chá.

Os cientistas também perceberam uma redução na quantidade de catequinas de acordo com o tipo de esmalte. As soluções de chá misturadas com óxidos de cobre, de cobalto e de ferro apresentaram concentrações significativamente mais baixas de epicatequina, galato de epicatequina, epigalocatequina e galato de epigalocatequina, revela o SciTechDaily, enquanto o uso de titânio degradou seletivamente o galato de epigalocatequina. A redução na concentração das catequinas e a mudança de cor podem ser atribuídas ao processo de oxidação, segundo o estudo recém-publicado.

“Durante o processo de degradação, os óxidos de cobre, cobalto, ferro e titânio em pós de esmalte podem atuar como um catalisador ácido e promover a oxidação de moléculas de catequina [...] Outra rota de oxidação é pela polimerização de catequinas de radicais livres intermediários”, explica o pesquisador Takashi Shirai.

A escolha dos esmaltes usados na fabricação de xícaras de cerâmica pode afetar significativamente a concentração de compostos benéficos do chá, como as catequinas, alerta o cientista. “A função específica dos esmaltes na degradação das catequinas não só fornece informações importantes para o design e desenvolvimento de materiais funcionais, mas também pode impactar o consumo diário de chá e problemas relacionados à saúde humana a longo prazo”, completa o pesquisador japonês.