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Alimentação

Glúten e lactose não agravam tanto a síndrome do intestino irritável, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 20 de dezembro de 2021

De forma inesperada, cientistas descobrem que dietas ricas em glúten e em carboidratos fermentáveis, como frutose e lactose, não pioram tanto os sintomas da síndrome do intestino irritável

Glúten e lactose não agravam tanto a síndrome do intestino irritável, diz estudo
(Foto: Freepik)

 

Muitas pessoas que sofrem com a síndrome do intestino irritado pacientes costumam evitar certos tipos de alimentos, especialmente os que contêm glúten. No entanto, um estudo publicado em outubro no periódico científico American Journal of Clinical Nutrition revela que não há uma clara relação entre a ingestão de glúten e a piora da condição.

Segundo o site americano de notícias científicas SciTech Daily, cientistas das universidades de Chalmers e Uppsala, na Suécia, descobriram que os oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis de cadeia curta (ou “fodmap”), que são carboidratos como a frutose e a lactose, podem agravar problemas intestinais, no entanto, os resultados indicam que eles também têm menos influência na síndrome do intestino irritável.

“A síndrome é muito complexa e envolve vários fatores, mas nossos resultados indicam que os efeitos de dietas específicas não são tão grandes quanto se pensava”, explica a pesquisadora Elise Nordin, da Universidade Chalmers, principal autora do estudo, citada pelo site especializado.

A síndrome do intestino irritável afeta de 10% a 20% da população mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e envolve sintomas como dor de estômago, diarreia e prisão de ventre.

 

Como foi o estudo

 

No estudo sueco, 110 pessoas com o problema digestivo foram divididos em três grupos, que receberam pudim de arroz preparado de diferentes maneiras. Um grupo ingeriu pudim rico em glúten, enquanto outro continha grandes quantidades de carboidratos do tipo fodmap. O terceiro grupo, de controle, comeu o pudim neutro, como placebo.

O SciTech Daily explica que o teste foi duplo-cego, ou seja, os participantes comeram os pudins de forma aleatória, durante uma semana, sem saber qual estavam ingerindo – os pesquisadores também não sabiam.

“Estudos duplo-cegos de dieta são difíceis de realizar porque, normalmente, pode ser óbvio para os participantes o que estão comendo. Esse é um grande obstáculo, pois o conhecimento de que algo foi adicionado ou removido da dieta pode afetar o resultado. O fato de termos conseguido criar dietas totalmente aleatórias, junto com o grande número de participantes, torna nosso estudo único”, comenta Elise Nordin, citada pelo site americano.

Os sistemas digestivos dos voluntários foram provocados por altas doses (1,5 vezes a ingestão diária normal) dos acréscimos nos pudins. Os sintomas da síndrome do intestino irritável foram agravados, especialmente pelos carboidratos do tipo fodmap, mas não tanto quanto os cientistas esperavam com base nos resultados de estudos anteriores. O glúten, no entanto, não teve nenhum efeito negativo mensurável.

“Nossos resultados são importantes e indicam que o fator psicológico é provavelmente muito importante. Já foi demonstrado que a síndrome está vinculada à saúde mental. O simples fato de saber que alguém está sendo testado em um estudo pode reduzir a carga de sintomas”, afirma o pesquisador Per Hellström, da Universidade de Uppsala, outro autor do estudo, também citado pelo SciTech Daily.