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Alimentação

Amido presente na banana verde pode reduzir risco de câncer em pacientes com síndrome de Lynch

Por João Paulo Martins  em 26 de julho de 2022

Cientistas descobriram que o amido resistente ajuda a evitar o aparecimento de certos tumores no trato gastrointestinal superior

Amido presente na banana verde pode reduzir risco de câncer em pacientes com síndrome de Lynch
(Foto: Pixabay)

 

O consumo regular de amido resistente (tipo de açúcar benéfico), encontrado na aveia, no feijão e na banana verde, pode reduzir em 50% o risco de câncer do trato gastrointestinal superior em pessoas com síndrome de Lynch. Essa relação consta de um estudo publicado na última segunda (25/7) no periódico científico Cancer Prevention Research.

Como lembra o site americano New Scientist, a síndrome de Lynch é uma doença genética rara que aumenta o risco de vários tumores, incluindo no cólon, cérebro, estômago e pâncreas.

A pesquisa sobre o amido resistente começou há quase meio século, depois que algumas evidências sugeriram que uma dieta rica em fibras poderia diminuir o risco de câncer de cólon. Isso inspirou John Mathers, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, a examinar o papel do amido resistente, e algumas de suas pesquisas iniciais em células de câncer de cólon revelaram que o nutriente teria propriedades de combate a esse tumor.

No estudo recém-divulgado, os cientistas analisaram 463 voluntários com síndrome de Lynch que receberam 30 g diárias de amido resistente por pouco mais de dois anos. Essa quantidade é equivalente a cerca de duas bananas levemente verdes. Outras 455 pessoas receberam um placebo feito de amido de milho comum.

Foram coletados dados sobre as taxas de câncer em todos os participantes logo após a intervenção e novamente após 10 anos. Eles também usaram informações coletadas ao longo de 20 anos em 369 voluntários da Inglaterra, Finlândia e País de Gales cadastrados em bancos de dados nacionais sobre o câncer, informa o New Scientist.

Os pesquisadores descobriram que, após os dois anos iniciais, não houve diferença nos riscos de tumor entre os dois grupos. No entanto, os dados combinados do acompanhamento final de cada participante mostram que 78 pessoas no grupo do amido resistente desenvolveram câncer em comparação com 96 no de controle, uma redução estatisticamente significativa na incidência.

Embora não tenha havido diferença nas taxas de câncer de cólon entre os dois grupos, houve uma redução significativa no risco de tumores do trato gastrointestinal superior, como câncer de pâncreas e estômago. Apenas cinco voluntários do grupo do amido resistente desenvolveram uma dessas condições em comparação com 17 no grupo do placebo.

“O amido resistente, como outras formas de fibra alimentar, é um tipo de alimento para as bactérias do nosso intestino. O que achamos que está acontecendo é que esse amido estimula o crescimento de certas bactérias e isso mudou o metabolismo delas”, comenta o pesquisador John Mathers, citado pelo site americano.

As bactérias em nosso intestino podem produzir ácidos, chamados ácidos biliares secundários, que são conhecidos por danificar o DNA. O cientista da Universidade de Newcastle acredita que o amido resistente reduz a quantidade desses ácidos nos intestinos, o que, por sua vez, diminui os danos ao DNA, resultando no menor o risco de câncer.