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Saúde

Cientistas conseguiram fazer com que células da leucemia voltassem a ser normais

Por João Paulo Martins  em 13 de junho de 2022

Por meio de teste in vitro, o estudo desfez a capacidade das células cancerosas de se multiplicarem e ainda levou à regressão delas

Cientistas conseguiram fazer com que células da leucemia voltassem a ser normais
(Foto: Pixabay)

 

Um estudo publicado na última quinta (9/6) no periódico científico Leukemia, do grupo Nature, revela como cientistas conseguiram fazer com que células cancerosas da leucemia, com alta capacidade de proliferação, regredissem e voltassem a ser células normais. Isso foi possível graças a modificações químicas no RNA mensageiro.

O câncer é caracterizado justamente pela transformação da célula saudável em maligna com características bem diferentes, como a capacidade de se dividir descontroladamente. Vários estudos já demonstraram como alterações moleculares levam a essa conversão de tecido saudável em tumor. No entanto, pouco se sabe sobre o processo oposto, ou seja, a regressão da célula cancerosa em não maligna, e quais fatores podem ocasionar isso.

“Sabemos que uma estratégia que os canceres humanos usam para evitar a eficácia dos medicamentos é mudar a aparência, tornando-se outro tumor, insensível ao remédio. Por exemplo, as leucemias do tipo linfoide se modificam para gerar o tipo mieloide para que o tratamento não as afete”, explica o pesquisador Manel Esteller, da Universidade de Barcelona, na Espanha, um dos autores do estudo, citado pelo site do Instituto Josep Carreras de Investigação da Leucemia.

Com base nessa ideia, os pesquisadores queriam entender em nível molecular como se dava essa metamorfose celular e analisaram modelo in vitro, fazendo com que a leucemia se transformasse em célula inofensiva, chamada macrófago.

Como mostra o site do instituto Josep Carreras, a regressão da célula maligna implica em uma mudança profunda na química do RNA mensageiro, que ajudam na formação de proteínas do DNA. Mais especificamente, as alterações afetam os fatores epigenéticos, como a metilação de adenina, que ajuda na diferenciação das células. Como consequência, as proteínas instáveis que definem a leucemia dão lugar a outras, que são características da célula normal, no caso, o macrófago.

Embora ainda esteja em fase pré-clínica, o estudo é muito promissor e pode ajudar na criação de tratamentos que combatem leucemia e linfomas (câncer do sistema linfático).