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Saúde

Síndrome de Havana: doença misteriosa pode ter afetado Kamala Harris

Por João Paulo Martins  em 24 de agosto de 2021

Entenda essa condição sem causa definida que atrasou a agenda oficial da vice-presidente dos Estados Unidos, que está no sudeste asiático

Síndrome de Havana: doença misteriosa pode ter afetado Kamala Harris
Vice-presidente dos EUA Kamala Harris devia ter pousado no Vietnã nesta terça (24/8), mas foi vítima da síndrome de Havana (Foto: Instagram/vp/Reprodução)

A vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris devia ter desembarcado em Hanói, capital do Vietnã, nesta terça (24/8), como parte de sua missão oficial no sudeste asiático. Porém, segundo a emissora americana ABC News, a comitiva do governo dos EUA, incluindo a vice-presidente, apresentou sintomas da chamada síndrome de Havana.

Essa condição corresponde a uma série de sintomas que foram detectados pela primeira vez em oficiais de inteligência americana e funcionários da embaixada em Havana, capital de Cuba, no final de 2016. No ano seguinte, diplomatas americanos em diferentes partes do mundo relataram sintomas semelhantes.

Como mostra a ABC News, já são 130 possíveis casos da síndrome, cuja origem ainda é um mistério.

Citados pelo site americano de notícias médicas MedicineNet, pesquisadores afirmam que a síndrome de Havana, que já foi descartada como histeria em massa ou reação causada por estresse, pode ser resultado de armamentos que emitem radiação de micro-ondas.

“Os sintomas são semelhantes aos de uma concussão ou traumatismo craniano leve e foram relatados principalmente por diplomatas, oficiais de inteligência, militares e seus familiares estabelecidos em solo estrangeiro”, informa o site especializado.

Sintomas da síndrome de Havana

No final de 2016, diplomatas residentes em Havana ouviram um som alto e incômodo à noite e sentiram uma pressão intensa no rosto. Em seguida, sentiram dor, náusea e tontura. “Embora o som tivesse parado, algumas pessoas continuaram sentindo dor e tontura, além de dificuldade de concentração”, diz o MedicineNet.

Nos anos que se seguiram, muitos oficiais de inteligência e militares relataram outros sintomas como confusão, desorientação, dificuldade de concentração, névoa no cérebro, problemas de memória, sensibilidade à luz e problemas no sono (sonolência e insônia).

Conforme o site americano, a síndrome de Havana pode causar os seguintes sintomas a longo prazo:

  • Enxaqueca
  • Problema de visão
  • Estrabismo
  • Vertigem recorrente
  • Hemorragias nasais

“Os especialistas afirmam que os sintomas gerais são semelhantes aos relatados por indivíduos com ferimentos na cabeça, embora nenhum dos funcionários tenha relatado um golpe na cabeça ou problemas de saúde preexistentes”, afirma o MedicineNet.

Possíveis causas da síndrome de Havana

Inicialmente, a crença era de que a síndrome de Havana seria causada pela exposição acidental ou deliberada a produtos tóxicos, pesticidas ou drogas. Porém, nenhum traço dessas substâncias foi encontrado nas pessoas afetadas ou em suas casas.

“Supõe-se que a causa mais provável da síndrome de Havana seja algum tipo de dispositivo mecânico que emite energia ultrassônica ou micro-ondas”, revela o site especializado.

A exposição a esse tipo de radiação pode potencialmente criar microbolhas no fluido dentro do ouvido, explica o MedicineNet. Quando as bolhas viajam pelo sangue até o cérebro, podem causar uma minúscula embolia gasosa que leva a danos às células, semelhante à doença da descompressão (quando mergulhadores de águas profundas emergem muito rapidamente).

“Outra explicação é que os sintomas podem ser originados pela penetração direta de ondas de radiofrequência no crânio, o que interrompe a atividade elétrica e química no cérebro e reconecta certas vias neurais. Essa reconfiguração pode ser a razão de os sintomas parecerem profundos e com sequelas duradouras”, esclarece o site.

Embora debilitante, a síndrome de Havana não é fatal. Seu tratamento, de acordo com o MedicineNet, envolve, além de remédios para amenizar os sintomas, modalidades da medicina alternativa, como arte-terapia, meditação, exercícios respiratórios e acupuntura.