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Saúde

Cientistas associam fungo causador de infecção vaginal ao Alzheimer e outras demências

Por João Paulo Martins  em 18 de outubro de 2023

Segundo o estudo, a Candida albicans chega até o cérebro e produz as substâncias tóxicas associadas a esses problemas neurodegenerativos

Cientistas associam fungo causador de infecção vaginal ao Alzheimer e outras demências
(Foto: Freepik)

 

Um fungo comum, conhecido por causar infecção vaginal, pode viver no cérebro e contribuir para o desenvolvimento da doença de Alzheimer ou outro tipo de demência, de acordo com estudo publicado na edição de outubro da revista Cell Reports.

Conhecido como Candida albicans, causador da candidíase, o fungo vive em todo o corpo humano, especialmente na pele, na boca e nos intestinos. Quando se reproduz de forma desequilibrada em relação às bactérias saudáveis do organismo, pode causar infecção vaginal ou outras condições de saúde.

Como mostra o jornal americano New York Post, cientistas da Universidade Baylor, nos EUA, descobriram que a C. albicans não só entra no cérebro, como também produz substâncias chamadas peptídeos, que frequentemente são associadas à doença de Alzheimer.

“Nossa primeira pergunta foi: como a C. albicans entra no cérebro?. Descobrimos que o fungo produz enzimas chamadas proteases aspárticas, que quebram a barreira hematoencefálica, dando ao fungo acesso ao cérebro, onde causa danos”, explica o pesquisador Yifan Wu, um dos autores do estudo, citado pelo jornal.

Atualmente, especialistas acreditam que o Alzheimer é resultado do acúmulo de peptídeos tóxicos no cérebro, o que leva à neurodegeneração. Essas substâncias são produzidas naturalmente.

Ao mesmo tempo, como mostra o New York Post, esses peptídeos ativam células cerebrais que mantêm a quantidade de fungos em níveis baixos, mas não eliminam completamente a infecção fúngica.

No estudo atual, os pesquisadores descobriram que a Candida albicans, que já havia sido detectada no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer e outras demências, pode gerar produzir os mesmos peptídeos nocivos.

Os cientistas afirmam que são necessários mais estudos para avaliar o papel do fungo no desenvolvimento dos problemas neurodegenerativos, o que pode levar a estratégias terapêuticas inovadoras.