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Saúde

Acrocianose: cientistas descobrem novo sintoma da covid longa que deixa pernas e pés roxos

Por João Paulo Martins  em 15 de agosto de 2023

Pesquisadores britânicos descobriram que um homem de 33 anos, quando ficava em pé, apresentava acrocianose, condição que causa coloração azulada nos pés

Acrocianose: cientistas descobrem novo sintoma da covid longa que deixa pernas e pés roxos
Poucos minutos após levantar, o paciente de 33 anos ficava com pés e pernas roxos (Fotos: Nafi Iftekhar and Manoj Sivan/The Lancet/Divulgação)

 

Embora a maioria das pessoas que contraem a covid-19 se recupere após alguns dias ou semanas, alguns pacientes podem apresentar sintomas persistentes, característicos da chamada covid longa. Até agora, os sinais mais comuns dessa condição incluíam cansaço extremo, perda de olfato, dores musculares e falta de ar. Mas cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, descobriram um novo sintoma, mais “bizarro”: pernas e pés que ficam roxos.

Publicado no último sábado (12/8) revista científica The Lancet, o estudo detalhou esse sinal, até então desconhecido, a partir do caso de um homem de 33 anos que, há seis meses, apresentava uma coloração roxa nas pernas e pés. Esse sintoma aparecia quando o paciente ficava em pé. Aos médicos, ele afirmou que os membros inferiores ficavam progressivamente “mais pesados, com formigamento, coceira e mais escuros”.

O homem também queixava de erupção cutânea ocasional que surgia em seus pés. O curioso é que todos esses sintomas “misteriosos” desapareciam quando ele se deitava.

Como mostra o jornal britânico The Independent, o paciente apresentava um distúrbio conhecido como acrocianose ou coloração azulada persistente e extrema, que geralmente afeta mãos e pés, mas também pode aparecer no nariz e nas orelhas.

“Esse foi um caso notável de acrocianose em um paciente que não havia experimentado antes de sua infecção por covid-19”, comenta o pesquisador Manoj Sivan, da Universidade de Leeds, um dos autores do estudo.

Ele lembra que muitos pacientes que apresentam esse mesmo sintoma podem não estar cientes de que é decorrente da infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). “Da mesma forma, os médicos podem não estar cientes da ligação entre acrocianose e covid longa”, completa o cientista, citado pelo jornal.

O estudo alerta que é preciso que médicos continuem exigindo exames de sangue, radiografia de tórax, monitorando a pressão arterial, a frequência cardíaca e os níveis de oxigenação de pessoas que tenham adquirido covid-19. Quem apresentou sintomas graves precisam ser encaminhados para um serviço especializado ou de reabilitação.

Como lembra o The Independent, a gravidade da infecção não parece estar ligada às chances de desenvolver covid longa. Mesmo pacientes que inicialmente apresentaram sintomas leves tiveram condições de saúde que permaneceram a longo prazo.