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Ciência

Porcos conseguem usar joystick de videogame, afirmam cientistas

Por João Paulo Martins  em 11 de fevereiro de 2021

Um estudo americano descobre que esses animais de criação são capazes de jogar e entender o que se passa numa tela

Porcos conseguem usar joystick de videogame, afirmam cientistas
(Foto: Pixabay)

Porcos podem ser capazes de aprender a jogar videogame, segundo estudo realizado na Universidade Purdue, em Indiana, EUA.

Os cientistas descobriram que os animais da raça yorkshire podem usar uma tela digital e um controle (joystick), operados com o focinho, para mover um cursor em busca de recompensas.

Essa é uma tarefa complexa, afirmam os pesquisadores no estudo publicado nesta quinta (11/2) na revista científica Frontiers in Psychology. Os porcos precisam entender a relação entre o movimento do joystick e o que está acontecendo na tela do computador e, em seguida, relacionar o conteúdo exibido pelo monitor com a obtenção de uma recompensa.

Os quatro yorkshires testados foram capazes de fazer isso até certo ponto, mostrando uma notável capacidade mental.

Ainda assim, ao aumentar a dificuldade da tarefa, ou seja, quando os cientistas colocaram os porcos para enfrentarem “níveis” mais avançados, não se mostraram prontos. Eles não podiam nem competir com os macacos para os quais a tarefa foi originalmente projetada.

Como mostra o artigo recém-publicado, isso pode ser explicado porque mover um joystick com o focinho é muito mais difícil do que com os polegares opositores, ou porque os porcos simplesmente não são tão bons quanto os primatas.

Inteligência de animais de criação

Os pesquisadores lembram que é importante se preocupar com a inteligência dos animais criados em fazenda por alguns motivos. Primeiro, as propriedades rurais estão se tornando lugares cada vez mais complexas, com comedouros automatizados que os porcos têm que operar sozinhos – em fazendas orgânicas, o acesso ao ambiente externo significa que os animais precisam ser capazes de navegar por mais espaço.

Em segundo lugar, existe o conceito ético de “valor intrínseco”, já que se trata de um ser vivo. Em vez de ser visto como “moeda”, tal qual um produto agrícola, o animal ganha um valor único, por ser ele mesmo, por ser um porco, que é capaz de encontrar trufas na terra, socializa com os demais companheiros e possui inteligência natural.

Se esse tipo de coisa é alterado por práticas agrícolas como programas de seleção genética e desmame precoce de leitões, surgem questões éticas.

Finalmente, compreender a cognição animal nos dá uma visão de como os porcos percebem o mundo. Essa compreensão pode fomentar mais empatia e promover um melhor manejo dos animais que mantemos.