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Ciência

Pinturas rupestres foram resultado de alucinação, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 09 de abril de 2021

Cientistas acreditam que a falta de oxigênio nas profundezas das cavernas pode ter gerado sensação extracorpórea em nossos ancestrais

Pinturas rupestres foram resultado de alucinação, diz estudo
(Foto: Wikimedia/Clemens Schmillen/Creative Commons/Divulgação)

Nossos ancestrais estavam alucinando quando realizaram pinturas rupestres nas profundezas de cavernas pré-históricas na Europa devido à falta de oxigênio, afirmam cientistas.

Essas imagens criadas pelos “confusos” homens das cavernas normalmente são encontradas longe da entrada e em partes de difícil acesso.

No estudo, publicado no final de março no jornal científico The Journal of Archaeology, Consciousness and Culture, pesquisadores israelenses dizem que os intrépidos artistas paleolíticos procuraram as partes mais remotas e escuras e sofreram com hipóxia, ou privação de oxigênio no cérebro.

Para ver na escuridão, eles tinham que acender tochas, o que diminuía ainda mais a quantidade de oxigênio presenta nas profundezas da caverna, possivelmente causando alucinações ou experiências extracorpóreas eufóricas.

Os pesquisadores acreditam que esses locais podem ter sido vistos pelos artistas pré-históricos com reverência e considerados sagrados.

Escolhiam as cavernas conscientemente

“Discutimos a importância das cavernas nas visões de mundo ancestrais e acreditamos que entrar nesses ambientes profundos e escuros foi uma escolha consciente, motivada por uma compreensão da natureza transformadora de um espaço subterrâneo pobre em oxigênio”, afirmam os cientistas no estudo recém-publicado.

Eles acreditam que a ida para as cavernas profundas foi uma escolha consciente e uma forma de entender a própria existência e “manter uma conexão com o cosmos”.

A pesquisadora Yafit Kedar, citada pelo jornal britânico The Independent, diz que os artistas da era paleolítica podem ter pensado que estavam se comunicando com outro ser.

“A ideia é que eles entraram nas entranhas das cavernas porque acreditaram que algo estava lá, que havia entidades além da parede”, comenta a cientista.

Kedar visitou sítios arqueológicos em cavernas na Europa para entender porque os homens primitivos se aventuraram mais de um quilômetro dentro dentro da terra em espaços apertados para criar arte.