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Ciência

Os minúsculos tardígrados podem sobreviver a disparos de fuzil

Por João Paulo Martins  em 21 de maio de 2021

Estudo avalia resistência dos ursos d’água e descobre que eles saem quase ilesos de disparos a 900 metros por segundo

Os minúsculos tardígrados podem sobreviver a disparos de fuzil
Com apenas 1 mm de comprimento (ou menos), os tardígrados são notoriamente resistentes a condições extremas, incluindo disparo de fuzil (Foto: Shutterstock)

Os tardígrados (Tardigrada), minúsculos animais conhecidos como ursos d'água, são notoriamente resistentes, podendo sobreviver até a um apocalipse que exterminasse a humanidade. Mas será que podem resistir a um tiro de arma de fogo?

Um novo estudo descobriu que sim, essas criaturas curiosas são tão fortes que podem levar um tiro, ainda que possuam um “ponto fraco”.

Com cerca de 1 mm de comprimento (ou menos), os tardígrados podem suportar pressões de até seis vezes a da parte mais profunda do oceano, quantidades extremas de radiação e até mesmo o vácuo do espaço.

Na pesquisa realizada pela Universidade de Kent, no Reino Unido, e publicada dia 11 de maio na revista científica Astrobiology, os cientistas testaram se os minúsculos animais também poderiam sobreviver a impactos de alta velocidade.

Para tanto, eles alimentaram os ursos d’água e os colocaram num modo de hibernação no qual o metabolismo diminui para 0,1% de taxa normal. Em seguida, os pesquisadores dispararam as criaturas em diferentes velocidades usando uma arma de gás leve de dois estágios, que atira objetos muito mais rápido do que um armamento tradicional.

Descobertas do estudo com tardígrados

Os cientistas da Universidade de Kent descobriram que os tardígrados poderiam sobreviver a impactos de quase 900 metros por segundo, o equivalente ao disparo do fuzil israelense IWI Galil ARM SAR. No entanto, os bichinhos morreram em altas velocidades de impacto.

Mesmo os ursos d’água que sobreviveram a impactos de velocidade baixa a moderada levaram mais tempo para se recuperar do que os que serviram de controle (foram apenas congeladas e acordados da hibernação). Ou seja, houve um certo grau de dano no organismo das criaturas.

Não está claro se os tardígrados sobreviventes poderiam se reproduzir mais tarde, e os autores também observam que seria interessante testar se os ovos poderiam sobreviver a disparos de arma de fogo.

Apesar de parecer um estudo estranho, os cientistas afirmam que o objetivo é entender a teoria da panspermia, que diz que a vida na Terra poderia ter sido originada de outros locais do universo, viajando em asteroides que colidiram com luas ou planetas. Os tardígrados ajudaram a entender que essa ideia é difícil, mas não impossível.