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Ciência

Mofo perigoso da Terra poderia sobreviver por um tempo em Marte

Por João Paulo Martins  em 22 de fevereiro de 2021

Estudo mostra que fungo preto comum em residências resiste à radiação solar em altos níveis

Mofo perigoso da Terra poderia sobreviver por um tempo em Marte
O fungo Stachybotrys chartarum causa o mofo preto tóxico nas casas e pode ser um risco para futuras missões tripuladas a Marte (Foto: Freepik)

Cientistas afirmam que alguns micróbios da Terra podem sobreviver em Marte, pelo menos por um breve período.

Como mostra o estudo publicado nesta segunda no periódico científico Frontiers in Microbiology, por pesquisadores da Nasa e do Centro Aeroespacial Alemão, certos micro-organismos foram enviados para a estratosfera terrestre, onde as condições são muito semelhantes às da superfície do Planeta Vermelho.

“Alguns micróbios, em particular os esporos do mofo negro [Stachybotrys chartarum], conseguiram sobreviver à viagem, mesmo quando expostos à radiação ultravioleta muito altas”, revela a pesquisadora Marta Filipa Cortesão, do Centro Espacial Alemão, uma das autoras do estudo, citada pelo site CNET.

Da parede para Marte?

Esse tipo de fungo é o mesmo que causa o mofo tóxico nas casas, especialmente as de madeira, muito comuns em países frios. A resistência desse micro-organismo preocupa os cientistas, já que ele poderia seguir as missões humanas para outros planetas.

“Com missões tripuladas a longo prazo para Marte, precisamos saber como os micróbios associados aos humanos sobreviveriam no Planeta Vermelho, já que alguns podem representar um risco para a saúde dos astronautas”, comenta a pesquisadora Katharina Siems, do Centro Espacial Alemão, uma das autoras do estudo, também citada pelo site.

Claro que existem micro-organismos que serão essenciais para a exploração espacial. “Eles podem nos ajudar a produzir alimentos e suprimentos materiais independentemente da Terra, o que será crucial quando estivermos longe de casa”, completa Siems.

Testando os germes no “espaço”

Para o estudo, a equipe enviou micróbios para a estratosfera dentro de um contêiner especialmente projetado chamado Marsbox, que simulou a pressão e composição da atmosfera de Marte. A caixa continha uma camada protegida da radiação e outra não.

“Isso nos permitiu separar os efeitos da radiação das demais condições testadas: dessecação [secura extrema], atmosfera e oscilação da temperatura durante o voo”, explica Marta Filipa Cortesão.

Segundo ela, as amostras enviadas à camada superior foram expostas a uma radiação mais de mil vezes superior à que pode causar queimaduras em nossa pele.