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Ciência

Descoberta espécie de panda que viveu na Europa há cerca de seis milhões de anos

Por João Paulo Martins  em 01 de agosto de 2022

Dois dentes fossilizados que estavam guardados em um museu ajudaram os cientistas a identificarem a “versão europeia” dos pandas

Descoberta espécie de panda que viveu na Europa há cerca de seis milhões de anos

Graças a um par de dentes fossilizados, cientistas revelaram quando os pandas vagaram pela última vez na Europa em estudo publicado no último domingo (31) no periódico científico Journal of Vertebrate Paleontology.

Quando os pesquisadores examinaram os dentes, um canino superior e um molar superior, desenterrados no final da década de 1970 no noroeste da Bulgária, mas que acabaram armazenados no Museu Nacional de História Natural da Bulgária, em Sofia, descobriram que os fósseis pertenciam a uma espécie antiga inédita de panda europeu.

Segundo o site americano Live Science, a espécie é um parente próximo dos pandas gigantes modernos, percorreu o continente há cerca de seis milhões de anos e foi provavelmente a última desse tipo de urso na Europa.

A maioria das espécies de pandas europeus tinha dentes menores que os gigantes modernos (Ailuropoda melanoleuca), o que significa que provavelmente eram muito menores que seus primos atuais. Mas a nova espécie, que foi batizada de Agriarctos nikolovi, tinha dentes muito maiores do que se imaginava, então provavelmente era semelhante em tamanho aos pandas gigantes de hoje.

 

Descoberta espécie de panda que viveu na Europa há cerca de seis milhões de anos
Os dentes fossilizados estavam manchados pelo carvão do local onde foram encontrados (Foto: Jiangzuo & Spassov, 2022/Journal of Vertebrate Paleontology/Reprodução)

 

Os restos fossilizados também são bem mais “novos” do que de outros fósseis de pandas europeus, explica o site americano. Alguns ursos foram datados de mais de 10 milhões de anos atrás, sugerindo que A. nikolovi foi provavelmente a última espécie a viver no continente.

As análises foram feitas pelo paleontólogo Nikolai Spassov, do Museu Nacional de História Natural da Bulgária, e por Qigao Jiangzuo, da Academia de Ciências da China, em Pequim.

Apesar das semelhanças de tamanho entre o A. nikolovi e os pandas gigantes modernos, a espécie recém-descrita “não é um ancestral direto”, de acordo com Spassov, citado pelo Live Science. Mas “é um parente próximo” e provavelmente vivia em um habitat muito diferente dos pandas de hoje.

Os dentes fossilizados foram originalmente encontrados em depósitos de carvão, que os tingiram parcialmente de preto. A composição do carvão no local sugere que a área já foi uma floresta pantanosa. Isso significa que o antigo urso podia ter uma dieta muito mais variada do que os pandas atuais, incluindo uma variedade de vegetais macios, bem diferente do consumo exclusivo de bambu de seus “primos” modernos.

De acordo com o site americano, os pesquisadores acham que o Agriarctos nikolovi pode ter enfrentado pressões evolutivas semelhantes aos pandas de hoje, adotando uma dieta 100% vegetariana, já que os dentes são muito mais fracos do que os dos animais modernos, o que significa que eles provavelmente não poderiam mastigar bambu, nem ossos.

Os autores do estudo também suspeitam que o antigo panda europeu pode ter sido exterminado porque as mudanças climáticas afetaram seu habitat e, consequentemente, sua dieta.